Sociedade de Estudo Psicanalítico Contemporâneo

... Confiabilidade, comprometimento, contentamento do cliente, transparência, ajustamento, ética e valorização do profissional, estas são as propostas da SEPC. Atuando como Referencia de nobreza da Psicanálise.

"A aceitação de processos psíquicos inconscientes, o reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento e a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da Psicanálise e os fundamentos de sua teoria, e quem não estiver em condições de subscrever todos eles não deve figurar entre os Psicanalistas".

Sigmund Freud



sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Zelando pelo desempenho ético da Psicanálise


          
          O Conselho Brasileiro de Psicanálise, CBP - INNG é uma Instituição Nacional Não Governamental que possui atribuições de fiel repositório informativo, estatístico, colaborativo da auto-regulamentação e normatização da prática psicanalítica e é representado por  Regionais em todo o Território Nacional.
          Criado em 1978, sua competência inicial reduzia-se ao Cadastro Nacional dos Psicanalistas e à divulgação do Código de Ética Psicanalítica.
          Nos últimos 10 anos, o Brasil e a categoria psicanalítica mudaram muito, e hoje, as atribuições e o alcance das ações desta Instituição estão mais amplas, extrapolando à divulgação do Código de Ética Psicanalítica, normatização e a auto-regulamentação da prática profissional.
          Atualmente, o Conselho Brasileiro de Psicanálise, CBP, exerce um papel político muito importante na sociedade, atuando na defesa da saúde mental da população e dos interesses da classe psicanalítica.
          A Instituição traz um histórico de luta em prol dos interesses da saúde mental e do bem estar do povo brasileiro, sempre voltado para a adoção de políticas de saúde mental dignas e competentes, que alcancem a sociedade indiscriminadamente.
         Ao defender os interesses corporativos dos psicanalistas (independentemente de qualquer discriminação de: escola, linha, associação, sociedade, círculo, núcleo, laço,sindicato, centro, colégio, instituto, faculdade, cor, raça, religião ou ideologias políticas), assim como, a regulamentação da profissão psicanalítica, o CBP - INNG empenha-se em defender a boa prática da psicanálise, o exercício profissional ético e uma boa formação técnica e humanista, convicto de que a melhor defesa da psicanálise e dos psicanalistas é a UNIÂO DE TODOS OS PSICANALISTAS DO BRASIL em prol da garantia de serviços psicanalíticos de qualidade para a População Brasileira.
Além de zelar pelo desempenho ético da psicanálise e pelo bom conceito da profissão, o CBP organiza uma série de atividades e presta alguns serviços aos psicanalistas e à sociedade brasileira, entre os quais: 
Cadastro Nacional dos Psicanalistas
          O Cadastro Nacional dos Psicanalistas é a inserção gratuita, do nome do psicanalista, no índice referente ao Estado Brasileiro em que atua, ficando assim mais fácil, a procura dos clientes pelos profissionais. 
Agenda
           O site do CBP - INNG esta aberto, para a publicação dos principais encontros científicos psicanalíticos (de todas as escolas e linhas da psicanálise).
 Assessoria Jurídica
           A Assessoria Jurídica do CBP - INNG tenta zelar pelo bom exercício da prática psicanalítica em todo o território nacional. 
Biblioteca
           A Biblioteca do CBP - INNG possui um acervo especializado na área de Ética Psicanalítica, Bioética, Direito Psicanalítico e Clínica Psicanalítica.  
Educação Psicanalítica Continuada
           O CBP - INNG coloca à disposição dos psicanalistas e instituições de ensino, as fitas de vídeo com os programas das séries Bioética, Psicanálise Brasileira e Práticas Psicanalíticas.  
Auto-Regulamentação e a Normatização da Profissão
           Toda a legislação referente à área psicanalítica está disponível para consulta no nosso site. Pareceres, resoluções, leis e decretos, além do Código de Ética Psicanalítica.
CADASTRO NACIONAL DOS PSICANALISTAS
          O Cadastro Nacional dos Psicanalistas (CNP) é mantido pelo Conselho Brasileiro de Psicanálise (INNG), que exerce a função de fiel repositório do cadastro de todos os psicanalistas do Brasil.
IMPORTANTE: O Cadastro Nacional dos Psicanalistas é um órgão do Conselho Brasileiro de Psicanálise (INNG) que é uma instituição sem finalidades lucrativas e de utilidade Pública, não cobra absolutamente nada dos seus serviços ou envia boletos de cobrança aos psicanalistas cadastrados.
          Os valores do CBP - (INNG), é primar pelos princípios da ética, transparência, integridade, qualidade, compromisso com resultados e multiplicação e disseminação de conhecimento psicanalítico, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência da Psicanálise e dos Psicanalistas e não fará qualquer discriminação de raça, cor, gênero, religião, escola, linha, sociedade, associação, sindicatos e institutos.
          O intuito do CBP - (INNG) ao criar o Cadastro Nacional dos Psicanalistas surge capacitado através de equipe técnica e parcerias qualificadas para não somente projetar, mas realizar programas de interesses emergentes obtendo o foco coletivo.
          Através do Cadastro Nacional do Psicanalista você tem um perfil profissional único, onde os seus dados ficam centralizados e disponíveis para serem consultados por seus pacientes ou outros profissionais, gerando com isso uma rede social de Psicanalistas e uma rede de contatos com profissionais de sua área.
          Através do Cadastro Nacional do Psicanalista, o profissional cadastrado terá seu nome e numero de cadastro, divulgados das mais variadas formas possíveis que a internet possibilita e em todos os veículos de comunicações nacionais e internacionais.
          O CBP - (INNG) no intuito de colaborar com o Governo Federal criou uma base de dados integrada:
 “O Governo Federal determinou a criação do CNT - Cadastro Nacional do Trabalhador, através do decreto 97.936 de 1989, na forma de consórcio entre Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), Ministério do Trabalho (MTb) e Caixa Econômica Federal (CEF). Posteriormente assumiu, conforme lei 8.212 de 1991, a denominação de CNIS”.
“Incluem-se neste universo os trabalhadores empregados ou contribuintes individuais, tais como empresários, funcionários públicos, ou quaisquer pessoas detentoras de NIT, PIS ou PASEP e que tenham informado a partir de 1971 (para empregados) ou 1973 (para contribuintes individuais) seus dados sociais, ou previdenciários ao governo federal.”
          Entre os benefícios que o Cadastro Nacional do Psicanalista poderá trazer estão: o acesso à lista de psicanalista de acordo com a área de atuação de cada um; a autonomia na utilização permanente de dados cadastrais via internet; a agilidade e facilidade na troca de informações entre as Regionais e o CBP - (INNG), propiciando otimização do tempo para gerar relatórios com informações necessárias para os psicanalistas e a psicanálise.
          O projeto do CBP - (INNG) é pioneiro e ousado permite a integração das bases de dados de todas as Regionais em uma única ferramenta on-line baseado no conceito de Sistemas para Web, e traz consigo uma série de benefícios para os usuários, entidades, profissionais e público em geral, como por exemplo, estatísticas resultantes do cruzamento de diversos dados, além de disponibilizar informações atualizadas em tempo real de fácil acesso por meio da rede mundial de computadores.


sábado, 6 de novembro de 2010

O Processo e a Escuta Psicanalíticos


          O processo psicanalítico se dá pela posição em que o psicanalista se coloca, da escuta de uma subjetividade, no limbo onde as palavras, os suspiros e os ritmos fazem uma dança diferente do que o conteúdo de seus enunciados poderia nos fazer pressupor. É porque a palavra é destituída de seu valor comunicacional usual que o processo analítico se instala. Pela atenção flutuante do analista, que pode tê-la por seu próprio inconsciente analisado e da associação livre do paciente, constitui-se este limbo de uma outra cena, onde o desconhecido irrompe inesperadamente, revelando os contornos de um fantasma inconsciente que obstaculizava o livre curso do desejo, propiciando, em geral, um alívio muito grande no sofrimento que sente quem procura uma análise. Para a Psicanálise, é uma fantasmática que estrutura o comportamento da vida de cada ser, as estruturas fantasmáticas procurando se exprimir, encontrar uma saída para a consciência e ação e, por isso, seu material não é só feito da sexualidade infantil recalcada e, portanto, inconsciente, mas também de novos materiais que são atraídos a ele. O fantasma é tal qual um espantalho, composto de pedaços de coisas desconexas, cada um de um lugar, resíduos de frases escutadas, restos de imagens, uma espécie de montagem surrealista construída em cima de um pensamento simples e curto que por várias razões teve de ser reprimido. A interpretação psicanalítica visa dissipar o fantasma e nesse sentido o psicanalista é um caçador de fantasmas que, em sua posição, permite àquilo que é de outra cena, marcada pela sexualidade infantil, se manifestar. O processo psicanalítico é longo porque é longo o processo de constituição do recalque e, portanto, igualmente longo o processo de levantamento do recalque e dissipação do efeito doloroso do fantasma. A escuta psicanalítica percorre um árduo caminho para pulverizar o fantasma no vazio entre os corpos em que ele se instalou, restituindo-o a seus corpos de origem, para que, do vazio, possa renascer o desejo, prevalecer as forças de vida. É porque o homem ocidental teme o vazio, que o fantasma pode se instalar, dando uma impressão de continuidade ilusória entre os corpos, anulando imaginariamente os intervalos entre eles. Se o sentido s e desdobra numa multiplicidade e infinidade, a palavra, um dos instrumentos para atingi-lo, deve trazer nela a intenção simultânea e paradoxal de instalar o sentido e o não sentido, não mais pensado como vazio, mas sim, como um fluxo vivo que possibilita novas criações.
         O inusitado da experiência psicanalítica faz com que se tenha a vivência da eficácia mágica da lenta cura pelas palavras. Em casos ou momentos mais difíceis, não só a palavra, mas outros recursos expressivos, os gestos, as produções artísticas, os escritos, os estados corporais e os atos.

A parceria da psicanálise com outros saberes

          É inegável que a Psicanálise pode encontrar parceiros em outros saberes e que junto deles há muito o que explorar. É inegável, qualquer que seja o caminho que tomem neste todo indissociável corpo-alma, psique-soma humanos, que o remédio psiquiátrico, as terapêuticas advindas da Neurociência e Neurofisiologia, como também a Filosofia, a Religião, os florais de Bach e a Homeopatia, ajudam o homem em seu sofrimento. Se a novidade psicanalítica colocou em relevo o corpo erógeno, não foi sem esquecer que nas bordas deste está o suporte do corpo em seu funcionamento físico-químico-biológico e a capacidade sublimatória humana. É inegável a atuação de um remédio antipsicótico na melhoria do fluxo ideativo, de um anti-depressivo que, em certos casos, ao atuar nos neurotransmissores, traz possibilidades representacionais inéditas para alguns pacientes que começam, por exemplo, a sonhar, a associar, a cometer lapsos, saindo do imobilismo psíquico depressivo. A questão é colocar, muitas vezes, o remédio como eliminador de sintomas que podem ser incômodos, mas que podem ser benéficos ao trabalho psíquico, quando presentes em certo grau. É a ideologia da eliminação radical do sofrimento que contraria a constituição trágica do humano, na qual a dor é tão constitutiva do viver como o é a alegria. O que a Psicanálise oferece é a possibilidade de viver o sofrimento psíquico com um outro, para poder gradativamente se apropriar dos meios de suportá-lo e transformá-lo.
          Um outro campo de parceria inequívoca é a chamada Psicossomática, que vem despertando enorme interesse, pelos desafios clínicos e teóricos que oferece tanto para o médico quanto para o psicanalista. É aqui que o paralelismo da alma e do corpo da filosofia de Spinoza ganha um novo contorno com a invenção do conceito de pulsão em Psicanálise, representante do soma na alma, e de um espaço psíquico que dá conta de suas manifestações.
          Quando a pulsão não pode aceder ao trabalho simbólico, quando não pode se transformar em angústia, quando o conflito psíquico não pode se constituir, ela estoura no corpo de maneira mortífera. A doença se produz por uma cisão entre a psique e o soma. O tratamento médico deve, então, vir acompanhado por uma difícil tentativa de transformar o sofrimento orgânico em sofrimento mental o que produzirá possibilidades e sintomas menos mortíferos, passíveis de transformação, além de uma maneira de vivenciar o corpo, cuja percepção é profundamente rudimentar ou deformada, de outra maneira.


Renata Udler Cromberg

  
         

 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Humor como um fenômeno transicional na clínica psicanalítica: uma hipótese




          Desde a época de Freud, alguns psicanalistas tentam adaptar a clínica psicanalítica aos chamados casos “difíceis” ou “incuráveis” pelas técnicas tradicionais. Sandor Ferenczi, já questionava se o fracasso terapêutico seria sempre uma “resistência” do paciente ou se não seria antes uma dificuldade do próprio analista em adaptar-se às particularidades de cada sujeito no plano do método. Chamava a atenção dos psicanalistas da época para que evitassem a hipocrisia profissional, a frieza e a intelectualização e procurassem agir com uma autêntica simpatia, pois achava que os pacientes adivinhavam, de maneira quase extralúcida, os pensamentos e as emoções do analista.
          Muitas vezes, o analista necessita de uma disponibilidade interna para improvisar técnicas criativas dentro do setting analítico. É que alguns pacientes requerem uma atenção diferente tirando o analista de sua neutralidade habitual. Desorganizado em seu arranjo neurótico e perturbado em sua aparente calma, o analista vê-se obrigado a lidar com a ação perturbadora e turbulenta do núcleo psicótico que eclode numa relação analítica com alguns pacientes. 
Autores como Winnicott, Bion, Joyce McDougall e mais recentemente, André Green, se preocuparam com as formas mais primitivas do funcionamento mental e com a necessidade do analista estimular durante o tratamento o processo de simbolização, pois acreditam que o cerne do problema de muitos casos clínicos reside na dificuldade do mecanismo de recalque nesses pacientes, cuja conseqüência é uma experiência avassaladora e insuportável diante da realidade externa.
          Sabemos que o processo de simbolização requer uma identificação secundária do sujeito com o objeto representante da lei que funda a cultura e impede a atuação das tendências edípicas.  Porém, essa identificação pressupõe também uma perda de status e de ilusão de completude narsícica, pois foi resultado de um “não” edípico que significou, dentre outras coisas, uma grande proibição trazendo sentimentos de abandono e rejeição.
          A identificação secundária constituirá um Superego por vezes mais “sádico”, “rígido” e “tirânico” do que a própria realidade que o constituiu.  Este superego pode tornar-se tão ameaçador que a impressão que se tem é que ele embota a capacidade do sujeito de percepção e tradução da realidade externa.
          O Ideal de Eu, nesses casos, pode ficar prejudicado pela incapacidade desse sujeito interiorizar os pais como modelos ideais a serem imitados.  Em conseqüência, não haverá uma recaptura narcísica, mas uma regressão ao estágio de Eu Ideal, onde o sujeito permanecerá protegido do sofrimento do fracasso edípico ou do intolerável encontro com o Princípio da Realidade.
          Sabemos que a passagem do princípio do prazer para o princípio da realidade requer uma ação psíquica do sujeito no sentido de conseguir adiar a satisfação alucinatória de desejo para a sua realização na realidade concreta e objetiva. Winnicott diz-nos que essa transição é potencialmente dolorosa, pois envolve uma aceitação do mundo do não-eu e uma relação com o mesmo.  A ação psíquica aqui seria o sujeito construir internamente uma área intermediária entre a fantasia e a realidade onde ele vai criar, através do jogo ou brincadeira, as primeiras experiências culturais, encontrar o seu verdadeiro self e tornar-se capaz de admitir a realidade externa. Winnicott sugere um caminho cujo entendimento teórico nos leva a fazer uma analogia com a tese de Freud sobre o jogo do carretel onde a criança, ao brincar com o aparecimento e desaparecimento (fort-da) do carretel, estaria tentando elaborar internamente a ausência do objeto amado.  Ou seja, o brincar constitui, em ambas teorias, uma forma de o sujeito defender-se da angústia das perdas ou separações.
          Se pensarmos que o aparelho psíquico é capaz, desde muito cedo, como afirma Winnicott, de buscar formas de defender-se da ansiedade através do brincar, veremos que, desde o início, o ego pode acompanhar o desenvolvimento do superego e integrá-lo como Lei, suportando as perdas e separações, sem torná-lo, necessariamente, um representante rígido, sádico, persecutório e temido.
          Não obstante, isso nem sempre acontece. Vemos na clínica que muitos pacientes nos chegam aparentando uma grande fragilidade egóica e uma grande incapacidade de lidar com a realidade externa.  Penso que um dos papéis do analista é o de ajudar a esse paciente a suportar sua angústia, fazendo-o aceitar as perdas e separações, não como uma morte ou fim de uma ilusão, mas como uma possibilidade de perceber o mundo sob uma nova ótica.
          O analista pode ajudar o paciente a fazer as pazes com sua castração, mostrando uma outra face do superego: um representante da lei, sim, porém, mais “camarada”, amigável e facilitador de uma relação do ego com o mundo externo.  Um superego que possa dar espaço para o surgimento de um ideal de ego autêntico e mais próximo da realidade. Tenho recebido em minha clínica muitos pacientes que mal conseguem formular uma questão sobre seu sofrimento e que tudo que dizem é que vivenciam um vazio interno que lhes causa dor e uma grande sensação de angústia. Esses pacientes não conseguem fazer um narrativa sobre si mesmos e geralmente apresentam sintomas ligados a uma falta de afetividade, intelectualização, ou atuação (psicossomática ou no meio ambiente).
          Noto nesses pacientes que aquilo que Freud descreveu como elaboração da ausência-presença do objeto, através da metáfora do jogo do carretel (Fort-Da), não é vivido por eles ou o é com muita precariedade.  Sabemos que esse jogo exige do sujeito uma ação criativa e singular, pois é justamente aí que ele vai entrar em contato com os seus afetos de amor e ódio em relação ao objeto e vai elaborar internamente o vácuo deixado pela ausência concreta desse objeto. Paralelamente a esse estágio de angústia de separação, Winnicott nos fala de um comportamento observado em crianças, em que elas utilizam-se de um fenômeno ou objeto (fenômeno ou objeto transicional) para defender-se contra a ansiedade do tipo depressiva numa fase de transição do princípio do prazer para o princípio da realidade. Esses objetos ou fenômenos transicionais simbolizariam algum objeto parcial, tal como o seio da mãe e, apesar de aparecerem em datas muito primitivas do desenvolvimento, podem reaparecer numa idade posterior quando a privação volta a ameaçar. 
          Tenho observado em minha clínica a capacidade de humor em alguns pacientes que se utilizam desta prática, principalmente nos momentos de medo, ódio, aflição e angústia. Noto que após cada observação espirituosa, e a conseqüente descarga do riso, ocorre uma tranqüilidade e se estabelece uma capacidade de pensar criativamente. É como se o excesso de impulso energético fosse descarregado do seu aparelho psíquico através do riso, aliviando o sujeito de uma carga muito grande de responsabilidade, ficando apenas o suficiente para ajudá-lo a formar o pensamento. Observo nos pacientes que possuem esse dom, que eles são mais aptos a suportar seus sofrimentos e encontrar saídas mais criativas para seus problemas.
          Sobre o humor, Freud escreveu que, dentre outras coisas, este tem algo de libertador e também de elevação e grandeza, e que esta grandeza reside sobretudo no triunfo do narcisismo e na invulnerabilidade do ego à compulsão do sofrer.  A pessoa estaria retirando a ênfase psíquica do ego e transpondo-a para o superego, e este se comportaria como um pai complacente mostrando a realidade externa para seu filho de forma lúdica e criativa.
          Embora Freud nos diga, em 1905, que existe uma função defensiva no humor, em 1927, afirma que o humor seria a contribuição feita ao cômico pela intervenção do superego ... e  ... se o superego tenta, através do humor, consolar o ego e protegê-lo do sofrimento, isso não contradiz sua origem no agente paterno. Ou seja, parece que o ato de defender o filho de um sofrimento desnecessário, apesar de ser uma maternagem, é também uma função paterna.  Assim, existiria nessa “defesa” do ego uma solução criativa, não para negar ou fugir da realidade externa, mas para suportar o sofrimento advindo dela. Dando ao mundo hostil uma versão também humorística,  o superego estaria preparando o ego para aquiescer à realidade externa, protegendo-o de uma angústia paranóide. 
          O superego estaria assim cumprindo uma função de introduzir o sujeito ao mundo externo regido pelas leis sociais e pela cultura sem tornar-se ameaçador ou persecutório. E o ego, identificando-se com a capacidade de humor do superego, introjetaria o mundo externo de forma mais suave, lúdica e criativa. Penso, deste modo, que se o humor é um dos mecanismos internos utilizados pelo ego para proteger-se da compulsão ao sofrimento e que, de certa forma, o ajuda a aquiescer à realidade externa, sem necessidade de negá-la ou cair num luto melancólico, poderíamos considerá-lo como um fenômeno transicional criado pelo sujeito, para estabelecer uma presença simbólica do objeto ausente ou da falta.
          Considerando esta possibilidade, a experiência de humor estaria ajudando o sujeito a aplacar suas ansiedades frente à transição e adaptação para o princípio da realidade, e, como tal, poderia ser utilizado dentro do espaço transicional da terapia como um instrumento terapêutico a favor do analista para interagir ludicamente com o paciente.
Marisa Queiroz de Oliveira e Silva



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Paixão


          Há muito pouco tempo os cientistas associaram a feniletilamina (um dos mais simples neurotransmissores conhecidos) com a paixão, pois a mesma já havia sido identificada há aproximadamente um século. Esta é uma molécula natural semelhante a anfetamina e suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser desencadeada por eventos tão simples nas situações de flerte (trocas de olhares, por exemplo) e nos momentos de toque e carícias com outro ser humano.
          Normalmente o cérebro de uma pessoa apaixonada contém grandes quantidades de feniletilamina, e esta substância pode responder, em grande parte, pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados em uma contínua estimulação. Dessa maneira, no início do relacionamento, e aqui me refiro a paixão, há sensação que emerge é a de um perfeito bem-estar. O casal sente necessidade de permanecer junto grande parte do tempo, senão, todo tempo, afinal, precisam ficar juntos para se conhecerem, amarem-se. Nesse período, pouco importa a personalidade de cada um, caem as defesas, o raciocínio temporariamente suprimido para muitas análises no que se refere ao outro se torna oblíquo e viesado, hiperdimensionando suas qualidades e subestimando suas falhas. A sensação pode ser de amor à primeira vista. Um outro dado interessante é que a feniletilamina existe em altos níveis no chocolate, o que fez com que alguns cientistas procurassem dar explicações racionais para esclarecer o porquê as pessoas compram chocolates para suas amadas.
          As associações primevas entre a feniletilamina com a paixão tiveram início com uma teoria proposta pelos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz, do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova Iorque. Há outros neurotransmissores que podem estar envolvidos nos estados relacionados à paixão e seus efeitos. A Dra. Donatella Marazziti, psiquiatra da Universidade de Pisa, acredita que pessoas os apaixonados estejam num quadro semelhante a um Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Inegavelmente, a paixão e o Transtorno obsessivo-compulsivo compartilham diversos aspectos comuns. E isto não é meramente uma teoria sem fundamentos: "ambos estados associam-se a baixos níveis cerebrais de serotonina, uma substância química fabricada pelo corpo que nos ajuda a lidar com situações estressantes". Uma segunda descoberta do trabalho da Dra. Marazziti e não menos importante merece ser mencionada: bebidas alcoólicas também diminuem os níveis de serotonina no cérebro, por exemplo, fornecendo a ilusão de que a pessoa do outro lado da danceteria de onde você se encontra é o grande amor da sua vida. Logo, cuidado com as noitadas e os excessos no consumo de álcool, pois, você pode dormir com o príncipe, ou ainda, com a princesa dos contos de fada e acabar acordando com o cavalo, ou ainda, com a própria bruxa.
          A antropóloga da Universidade Rutgers e autora do livro “Anatomia do amor”, Helen Fisher, demonstrou que os sintomas provocados pela paixão, como a euforia, a falta de sono, ou ainda, de apetite estão associados a altos níveis de dopamina e norepinefrina, estimulantes naturais do cérebro.
          Outros estudos apontam que os seres humanos são biologicamente programados para se sentir apaixonados entre 18 a 30 meses. Em um levantamento que contou com a ajuda de cinco mil pessoas de 37 culturas diferentes, foi descoberto que a paixão possui um "tempo de vida", tempo longo o suficiente para que o casal se conheça, copule e reproduza. Depois disso, este sentimento evolui para emoções mais brandas, ou ainda, cada componente da díade tem a opção de migrar para um outro relacionamento recomeçando todo o ciclo. Dessa forma, compete ao casal continuar ou não no relacionamento, promovendo-o a um novo estágio, como novos investimentos e novos graus de compromissos. Em caso de permanecerem unidos e voltados um para o outro, se habituarão a manifestações mais brandas de afetividade como o companheirismo e a tolerância. É isso o que concebemos enquanto amor, ao menos, do ponto de vista fisiológico.
          Dificilmente, a paixão resiste a mais de dois anos. Pode-se dizer, então, que geralmente estar com o(a) mesmo(a) parceiro(a) por mais de dois anos seja um forte indício do é amor presente cimentando a relação. Tanto a dopamina quanto a feniletilamina estão relacionadas com as endorfinas. E endorfinas viciam. E como todo vício, produz síndrome de abstinência quando somos privados. Todo o sofrimento pelo qual passamos quando levamos um fora do objeto de nossa paixão nada mais é do que síndrome de abstinência.
          Entretanto, apesar de todas as pesquisas e descobertas, ainda paira uma sensação de que a evolução, por algum motivo, deu-se no sentido de que surgisse o amor não-associado à procriação, quem advoga esta teoria, fundamentada em muitas de suas pesquisas é a antropóloga Helen Fisher. Calcula-se que isso deva ter acontecido há aproximadamente 10.000 anos e que tenhamos herdado este legado amoroso. Dessa forma, os homens passaram realmente a amar as mulheres, não como mera reprodutoras, e algumas destas passaram a olhar os homens como algo mais além de provedores para o sustente de si mesmas e de suas proles.
          Até que se prove o contrário o amor é um aspecto inerente da espécie humana; talvez os animais também sejam capazes de amar, ou pelo menos de se apaixonarem, antropomorficamente falando, mas, não possuam meios para verbalizarem seus afetos. E desde o nascimento, um hormônio secretado pela hipófise e que nas mulheres também estará relacionado à estimulação da lactação e o desencadeamento das contrações uterinas é aquele relacionado com as primeiras formas de apego do ser humano, entre os novos seres viventes e seus cuidadores. Ao longo do tempo estes, transferirão tais vínculos para outros parceiros nos quais investirão seu amor. Assim, novamente reiniciraá todo o processo de produção para novas quantidades do peptídeo oxitocina que regerá, não mais o apego parental, mas, o novo investimento entre parceiros que decididamente permanecerão juntos com laços estáveis de companheirismo. Este hormônio sensivelmente diminuirá os efeitos do estresse do ambiente e também estará relacionado a uma melhoria do sistema imune e conseqüentemente a uma melhor qualidade de vida nos seres humanos que se beneficiarão diretamente e indiretamente do vínculo constituído.
          Aparentemente, contrastando-se paixão ao amor, à primeira vista, parece que a paixão leva muitas vantagens devido aos seus arroubos românticos e porque geralmente relacionados o amor aos exemplos cotidianos que conhecemos e que relacionamos a divórcios, separações, infidelidades, dentre outras inúmeras situações. Mas, não nos enganemos. A despeito desses exemplos, eles não se constituem uma amostra representativa da realidade, muitos estudos afirmam que casais que permanecem juntos (por exemplo, em casamentos) estão aparentemente protegidos contra eventos adversos da vida, ou ainda, situações como doença, pobreza, ou a perda de familiares. Acontecimentos esses que provavelmente uma pessoa apaixonada, dada a efemeridade da paixão, provavelmente preferirá não permanecer para dar suporte de qualquer natureza. Neste sentido, os parceiros que se amam acabam atuando como uma equipe em sinergia para o bem em comum. Dessa forma, segundo alguns autores relacionamentos de longo prazo atuam como um recurso social e psicológico que ajudaria as pessoas a resistirem melhor às possíveis perdas e às adversidades.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A importância de se detectar a depressão em crianças

         
          É difícil imaginar que haja, no ensino primário das escolas, crianças depressivas. É ainda mais difícil imaginar uma criança em idade pré-escolar e depressiva ao mesmo tempo. Mesmo sendo cada vez mais fácil de reconhecer e tratar esse transtorno em crianças, apenas recentemente os pesquisadores iniciaram estudos sobre esse mal em crianças com idades inferiores a 6 anos.
          Em uma pesquisa publicada no periódico Current Directions in Psychological Science, Joan Luby, da Universidade de Washington, EUA, apontou a importância da detecção precoce em crianças.
          A pesquisadora aponta que a depressão em crianças com idade pré-escolar não tem as mesmas características encontradas em crianças mais velhas ou mesmo em adultos – talvez por isso esse transtorno seja negligenciado. Em adultos, por exemplo, a anedonia – perda da capacidade de sentir prazer – se reflete principalmente por meio da diminuição ou perda da libido. Nos pré-escolares, entretanto, isso se traduz na incapacidade de gostar de brincar.

          Fora isso, os pais dessas crianças também não conseguem enxergar o avanço do transtorno, pois os sintomas não são contínuos. Essas crianças não se mostram extremamente tristes (como acontece com os adultos) e pode até mesmo ter períodos em que os sintomas não se manifestem.

Reconhecimento do transtorno

          O reconhecimento desse tipo de depressão é feito por testes específicos aplicados por profissionais de saúde mental. E a partir dessas entrevistas é possível observar os sintomas clássicos de depressão, como falta de vontade de fazer as tarefas diárias, sensação de culpa e mudanças no padrão de sono.
          A pesquisa também sugere que a depressão infantil precoce não é uma condição temporária, mas sim a manifestação inicial de um transtorno crônico que pode piorar com o tempo. Estudos anteriores já demonstraram que os pré-escolares depressivos também mostram os traços depressivos mais intensos durante a infância e na adolescência.
          Por conta desse efeito em longo prazo, a identificação e a intervenção da depressão infantil precoce é importante. O fato dessas crianças ainda terem uma grande plasticidade cerebral – a potencialidade do cérebro de se adaptar a novas experiências e eventos, é um fator positivo. Intervenções nessa idade costumam ter grande eficiência. E apesar de poucas pesquisas sobre o tema, o uso de antidepressivos ainda é bastante questionado. Nessa idade sugere-se o acompanhamento psicoterápico.

com informações da Association for Psychological Science

PSICANÁLISE x PSICOLOGIA x PSIQUIATRIA


Psicanálise

          É a ciência que estuda os problemas que dizem respeito ao comportamento individual e social do homem, decorrente de doenças relacionadas com a soma de suas experiências (doenças emocionais ou neuroses).
          A Psicanálise está envolvida com o indivíduo, enquanto um ser de relações pessoais e interpessoais. Destas relações podem ocorrer bloqueios, somatizações, recalque e repressões que impedem a indispensável sensação de bem-estar e auto-estima. Estes transtornos de ordem emocional, não são vislumbrados pelas outras ciências.

Psicologia

          É a ciência que se ocupa das atividades mentais da conduta objetiva, ou, como preferem muitos tratadistas, a ciência do comportamento humano e animal. A psicologia se ocupa desta maneira, como o comportamento humano em seus aspectos objetivos, observáveis, que possam ser medidos, testados, compreedidos, controlados, descritos e preditos objetivamente. Pode-se afirmar que o psicólogo se ocupa, antes de tudo, com a mente consciente do homem, utilizando-se da aplicação de testes e de outros recursos de sua especialidade. Como observa Henry Graton, "os psicólogos jamais reinvindicaram a psicanálise mesmo teórica, como parte complementar de sua ciência. Eles sempre a consideram mesmo mais como uma parapsicologia, uma pseudopsicologia. Para um bom número, formado por homens de laboratório, ou inclinados a medir funções isoladas, ou mesmo a registrar sutilezas psicológicas do rato branco, incrivelmente não foi possível apreciar um método de investigação que se interessasse pelas profundezas do psiquismo humano".

Psiquiatria

          É a parte da medicina que se ocupa das forças mentais. É de esclarecer que as "doenças mentais", ou melhor dizendo, "doenças cérebro mentais", objeto psiquiatria, são aquelas de origem orgânica, geralmente apresentando lesões do córtex cerebral, e sua terapia se efetua por meio de processos medicamentosos, cirúrgicos, eletrochoques, etc. A atuação do psiquiatra incide, especialmente, sobre as psicoses.

sábado, 28 de agosto de 2010

O que é a Hipnose

         
          A hipnose moderna tem sido usada, com sucesso, para construir a auto-estima, mudar hábitos, perder peso, parar de fumar, melhorar a memória, modificar problemas comportamentais em adultos e crianças, eliminar ansiedade, medos, fobias, tratar a depressão, stress, preparar o sujeito para cirurgias, entrevistas, exames etc. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 90%da população mundial pode ser hipnotizada.

Mas, o que é hipnose?
         
          Hipnose é um estado da mente que todos nós experimentamos, naturalmente, ao longo do dia. Por exemplo, ao dirigir o carro, você pode não se lembrar que está dirigindo, como se estivesse no piloto automático. O estado hipnótico natural também acontece quando você lê um bom livro, envolve-se com um filme interessante ou em qualquer outra atividade onde todas as outras coisas parecem ter sido bloqueadas. Alguém pode conversar com você e você pode não escutá-lo. Em qualquer circunstância onde seja necessária uma grande concentração, automaticamente você se transfere para um estado hipnótico natural.
          O uso da hipnoterapia é feito para acelerar o processo de terapia e encurtar o tempo de tratamento. O tempo varia de acordo com a pessoa e o problema, de uma sessão a alguns meses de trabalho.

Algumas áreas onde a hipnose tem bons resultados:

Depressão; Síndrome do Pânico; Obesidade; Timidez; Impotência; Stress; Ansiedade; Fobia Social; Fobia Específica; LER - Tendinite; Aprendizagem; Educação; Saúde; Cigarro; Auto-Estima; Ansiedade; Dor; Fibromialgia; Transtorno Obsessivo Compulsivo; Stress Pós-Traumático; Anorexia Nervosa; Bulimia; Gagueira; Medo de Falar em Público; Insônia; Sonambulismo.

Mitos e Verdades

          MITO DA INCONSCIÊNCIA - Muitos pensam que estar hipnotizado significa estar inconsciente. Há pessoas que até desejam ficar inconscientes para que "todos os seus problemas lhes sejam extraídos”.
Na verdade, o transe hipnótico é qualificado por uma dissociação consciente/inconsciente onde a consciência está presente, e é desejável que esteja para participar no processo de cura. Por estar
vivenciando um ensaio ameno eventualmente, a pessoa não se lembra do que foi falado, porque ficou alheia com pensamentos, imagens ou sons.
          MITO DE REVELAR SEGREDOS SEM QUERER - Mesmo em transe profundo a mente conserva um sentido de vigilância que protege a integridade da pessoa. Na hipnose Ericksoniana raramente a pessoa é convidada a falar. O inconsciente é capaz de resolver silenciosamente os conflitos mais profundos.
          MITO DE NÃO REGRESSAR DO TRANSE - Se, eventualmente, por estar numa experiência muito agradável ou num transe mais profundo, a pessoa não aceitar a sugestão de voltar do transe, basta deixá-la mais algum tempo, e espontaneamente, o transe hipnótico se transforma em sono fisiológico e ela desperta.
          MITO DE SER DOMINADA PELO HIPNOTERAPEUTA - Na hipnose Ericksoniana o estado de transe é sempre uma auto-hipnose. O hipnoterapeuta é um facilitador, um companheiro de viagem, apenas alguém que está ao lado enquanto o inconsciente da pessoa trabalha.
          MITO DA DEPENDÊNCIA - Um hipnoterapeuta cuidadoso tem sempre o cuidado de dar sugestões pós-hipnóticas de autonomia e liberdade. Ex:...E no dia a dia sua mente inconsciente pode continuar por si mesma com um processo natural e saudável de mudanças... Por isto a Hipnoterapia Ericksoniana é considerada uma terapia breve.
          MITO DE QUE A HIPNOSE POSSA SER MALÉFICA À PESSOA – O inconsciente é sábio e protetor, e absorve apenas aquilo que é saudável e útil. Naturalmente, como a hipnose é uma poderosa estratégia de comunicação com o inconsciente, só deve ser usado por pessoas devidamente treinadas, competentes e éticas. Uma pá é um excelente instrumento para remover terra, mas se for usado para atingir a cabeça de alguém pode matar.
          MITO DA REGRESSÃO - Hipnose não é regressão. A regressão é apenas um fenômeno hipnótico que pode ser usado quando necessário. Como dissemos antes, a hipnose é um fenômeno psíquico, um estado especial da mente que permite ações terapêuticas as mais diversas.

Transe Hipnótico

          É comum as pessoas ficarem curiosas para saber o que elas vivenciarão no transe. Tem algumas pessoas que imaginam que regressarão ao útero materno, outras imaginam que fatos importantes vão ser revelados durante o mesmo, outras acreditam e, portanto querem voltar a outras vidas passadas, etc. As expectativas das pessoas variam de acordo como aprenderam ou ouviram dizer sobre do que seja realmente o transe hipnótico.
          Uma coisa é importante às pessoas saberem: cada transe é único, ou melhor, acontece a cada vez de maneira diferente. Isto porque cada momento da vida de uma pessoa também é diferente. Sendo assim, pode parecer, à primeira vista, difícil para uma pessoa saber se realmente esteve em transe ou não. Na verdade, como já foi dito o transe é natural, e acontece tão naturalmente no nosso dia a dia, e na maioria das vezes tão rápida, que não nos damos conta. O que acontece no transe hipnótico é que ele pode se estender por um tempo maior, podendo assim a pessoa se dar conta das transformações que aconteceram com ela durante esse período.
          Durante o transe hipnótico acontecem os fenômenos hipnóticos, e são estes que mostram para o
hipnoterapeuta e, alguns para a própria pessoa que ela realmente esteve em transe. Muitos desses fenômenos acontecem naturalmente ou são induzidos pelo hipnólogo. São os fenômenos hipnóticos:

Rapport

          É o primeiro fenômeno que acontece. É o laço de confiança, pois o cliente se solta, na medida em que confia no hipnoterapeuta.

Catalepsia

          Devido ao relaxamento acentuado o corpo se comporta como se fosse de cera. Quando ocorrem os movimentos, estes são vagarosos. Posições normalmente desconfortáveis, como braços levantados, por exemplo, não provocam fadiga.

Distorção do tempo

          A percepção do tempo se altera para mais ou para menos. Trinta minutos parecem cinco, dez minutos parecem ter durado uma hora.

Dissociação

          Os estados psicológicos conscientes e inconscientes ficam separados. No estado de transe hipnótico o consciente está presente, mas a pessoa percebe que algo mais está acontecendo.

Amnésia

          É a perda da habilidade de lembrar. É diferente do esquecimento porque o conteúdo "esquecido" parece ter sido selecionado pela mente. Ocorre espontaneamente em transes profundos ou pode ser sugerido pelo hipnoterapeuta.

Hipermnésia

Aumento da capacidade de lembrar fatos do passado próximo ou remoto.

Regressão de idade

          Consiste em reviver estados psicológicos do passado espontaneamente ou por solicitação do hipnoterapeuta.

Progressão de idade

          Consiste em ver-se no futuro, projetar-se para o futuro imaginado ou desejado, e até mesmo formar um "eu futuro" que pode aconselhar ao "eu presente" sobre o que fazer para atingir objetivos saudáveis.

Alucinação positiva e alucinação negativa

          Na alucinação positiva a pessoa vivencia uma percepção na ausência do objeto. Na alucinação negativa a pessoa não percebe um objeto presente ( ex. pode-se sugerir à pessoa que o amigo fulano de tal - presente no ambiente - não se encontra ali , a pessoa hipnotizada não será capaz de ver o tal fulano).

Escrita automática

          Por sugestão do hipnoterapeuta a pessoa escreve em transe sem a vigilância ou interferência da mente consciente.

Sugestão pós-hipnótica

          Execução, após a experiência do transe, de instruções ou sugestões dadas durante o transe.

Analgesia - anestesia

        Analgesia consiste no entorpecimento da consciência da dor.
        Anestesia perda completa da consciência da dor. Fenômenos hipnóticos muito úteis em pessoas nas quais o uso de analgésicos e anestésicos é contra-indicado.

Hiperestesia

          Aumento da sensibilidade física normal.
          Movimentos ideomotores São movimentos automáticos de algumas partes do corpo que acontecem
automaticamente. (tremores, repuxões, levitações, etc.).

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Analise de Pais - Crianças: sintomas dos problemas dos pais


          Vivemos uma época de mudanças radicais em todos os aspectos da vida humana. Na família, sobretudo, as relações entre pais e filhos estão passando por momento muito difícil. Trata-se de uma verdadeira mutação. A família patriarcal cedeu lugar à família parental. A autoridade do pai diluiu-se. A autoridade parental (em que há igualdade entre pai e mãe) está com muita dificuldade de dar conta da educação dos filhos. Estamos num momento de passagem.
          Os pais como os educadores já não têm a mesma certeza que tinham os pais de 20 ou 30 anos atrás. Nossos filhos são influenciados pelos mais variados meios de comunicação e isso faz com que a educação dada em casa seja invadida por uma multiplicidade de solicitações. Essas influências chegam aos nossos filhos como informações de todo tipo e como alteração dos valores tradicionais, dificultando ainda mais a tarefa de educar. Além disso, as várias formas de família alteram as referências constantes que a antiga família proporcionava e ninguém sabe como vão ser os filhos assim educados.
          É fato conhecido que mais da metade das crianças que hoje chegam à escola apresenta algum distúrbio de comportamento. Nós todos, pais, educadores, num movimento quase espontâneo, pensamos logo em encaminhá-los para um especialista.
          Nossa maneira de ver é diferente. Há anos trabalhamos com a análise de pais e não dos filhos. Os distúrbios apresentados pelos filhos, nós os consideramos sintomas dos problemas dos pais. Os sintomas dos filhos são causados, inconscientemente, por uma maneira de educar que entala o desenvolvimento psíquico deles. Os pais são os verdadeiros educadores dos filhos. Normalmente, são movidos pelas melhores intenções. Mas não existe possibilidade de ser pais e não transmitir problemas para os filhos.
          Pelo próprio princípio da análise, nosso cuidado é não oferecer solução para os transtornos e, sim, ter certeza que os pais, elucidados pela análise, podem encontrar uma saída, uma resolução. Pelo mesmo princípio, importa-nos preservar a originalidade do casal, pois só a subjetividade dele pode gerar mudanças inconscientes, inventar atitudes e atos que consigam reordenar a criança. Há anos essa prática de análise tem comprovado sua eficácia.
          Os mais diversos distúrbios sejam eles psíquicos ou de comportamento, como neuroses, e até psicoses, insônia, problemas de alimentação ou de higiene, problemas de relacionamento, os de concentração ou de hipermotividade, identidade sexual, mau uso da internet... enfim, tudo o que provoque sofrimento na família, quando os pais são verdadeiramente escutados, pode encontrar solução adequada.
         Pensamos que precisamos tanto ter consciência clara dos problemas de nossa época, como necessitamos acreditar que, se vivemos nesse momento da História humana, somos convocados a dar conta de nossa missão de levar à frente a civilização e a cultura que garantem o humano. Não temos mais certezas, temos que ir à busca delas, temos que inventar caminhos. É nossa convicção que somente um pacto entre pais e escola, entre pais e sociedade, pode hoje encontrar soluções para os problemas de nossos filhos.

Durval Checchinato

terça-feira, 13 de julho de 2010

"PSICOSSíNTESE" Auto-ajuda no crescimento pessoal

         
          O que quer a Psicossíntese? Avaliando essa pergunta, podemos dizer que a mesma, busca o ajustamento psíquico e o crescimento pessoal, que nada mais é que uma inclinação natural da raça humana. Na busca de sua harmonização o homem que está dividido em níveis e aspectos de sua organização irá com o auxilio deste método sintetizar essas escalas. É observável que o ser em doses normais e até patológicas, intrapsíquicamente trava conflitos de toda natureza, no intuito de satisfazer-se atendendo seus anseios, buscando a esmo evoluir para níveis mais altos, desperdiçando assim uma valiosa somo de energia que se em sua descarga não achar o caminho adequado, resultará num agravamento das neuroses e suas patologias.
          Estruturalmente a psicossíntese desmembra as instâncias do psiquismo para eliminar aquelas que são dispensáveis para o caminho harmônico ou pelo menos neutralizar inicialmente suas investidas, já que tais se alimentam do fracasso e baixa auto-estima do Ego. É conhecido da Psicanálise o SUPEREGO (SO) – este se desenvolve a partir do Ego, quando primariamente, na busca para se libertar do primeiro objeto (mãe), que para o ser nessa fase, é sua única forma de satisfação (gozo), uma vez rompendo, retornará ao mesmo sujeitando-se a essa mudança. Assim, se observará o superego formado, pois para o bebê a mãe (1º objeto) já não é mais ele, pois no seu entendimento mãe e bebê são a mesma coisa, isso faz com que, ele possa se perceber fora dela e sendo outro. Para a criança, isso é assustador e a partir de então ele fusiona-se com o objeto (mãe).
          Dessa maneira, bem como as outras instâncias o (SO) também tem níveis e ao alcançar a fase adulta o (SO) exerce sua função com mais força, tendo a capacidade de avaliar, observar e julgar a partir dos seus próprios critérios. O método não tem por objetivo a sua reprogramação e sim neutralizar suas investidas contra o Ego.
          Outra instância chamada de (id) parte importante da estrutura psíquica formada pelos representantes mentais e seus impulsos instintuais que também é uma fonte de energia para todo aparelhamento mental. Alem disso, em nossa linguagem agregamos o (NA+O) que são os Núcleos de Apoio + Objeto, que se referem a tudo aquilo que devotamos apego e que, se por ventura do indivíduo for tirado inevitavelmente elaborará muito sofrimento (luto). Uma vez eliminados os (OEx) Objetos Externos deixarão o caminho do Ego aberto para ser livre e gozar de uma consciência capaz de se ajustar e alinhar-se com o (NAE) que é o Núcleo de Apoio do Ego, Núcleo de Auto-Estima e que terá função autônoma e coerente mantendo este último sempre com sua auto-estima elevada.
          O Ego tem como tarefa principal de sua existência a auto-preservação. Entretanto, para que haja um melhor entendimento por parte do leitor, iremos facilitar o conceito sobre o Ego de forma simplificada, pois este é o objetivo da psicossíntese, visto que, é o no Ego que tudo acontece, exemplo: se após uma péssima noite de sono você acorda mal humorado mesmo sem ter tido contato algum com outra pessoa, será possível avaliar que estímulos internos são os responsáveis pela agressão sofrida pelo Ego. Os estímulos esternos são aqueles percebidos do mundo existente fora do Ego podendo ele ajustar-se a estas ou aquelas situações para não ser agredido.
          Contando com o amparo incondicional do (NAE), o Ego se sentirá capaz de diluir as tensões sofridas por ele na busca do prazer e do inevitável encontro com o desprazer. E dessa forma, não prevalecerão mais sobre esse Ego as perversões, os conflitos, a solidão, a desilusão, as perdas e as muitas outras formas de agressão.
          A psicossíntese embora tenha um aspecto complicado é um método de abordagem simples: [E+(SO)+(NA+O)+id] = [E+(SO)+id]. Estas são algumas das fórmulas em que a psicossíntese apresenta os estados mentais do sujeito, sendo [E+NAE] – soma do Ego (Eu) com Núcleo de Auto-Estima – o objetivo final da mesma.
          Nossa metodologia vem sendo muito utilizada no Brasil não só na clínica, pois suas aplicabilidades transcendem vários campos: o cientifico, o não cientifico, o pedagógico, o religioso, o filosófico, o acadêmico, bem como em todas as áreas que têm a seus cuidados a saúde mental. Contudo, ainda é possível fazer um questionamento: Quem pode utilizar-se dos benefícios da psicossíntese na clínica?
          Analisando-se a atual conjuntura da Psicanálise no Brasil, podemos dizer que esse método pode ser utilizado em pacientes que se apresentam com baixíssima auto-estima, por exemplo: o homem de negócios, atormentado e nervoso, a dona de casa preocupada e agitada, a criança exasperada por contínuos acessos de raiva, o homem e a mulher que não conseguem deixar de beber, em suma, pessoas em estados deprimentes, entre outros.
          A abordagem inicial como terapia de apoio no tratamento, elege com meta a promoção do processo de crescimento contínuo, integrando o corpo aos sentimentos, fazendo com que a mente leve o indivíduo harmoniosamente à plenitude de sua vida, acessando com isso em maiores níveis, suas capacidades e talentos e assim sua potencialização. Sendo assim, o processo terapêutico da psicossíntese é na verdade uma forma diferente do indivíduo ser conduzido a ver o outro lado do muro, o muro que o coloca do lado de dentro e o faz medroso, lhe dando a falsa impressão de protegido. E do lado de fora um verdadeiro e autêntico modo de viver, hostil, agressivo e competitivo, contudo verdadeiro e autêntico como todo ser humano por natureza o é, e por formação não se permite assumir.
Oliveira, Jorge Luiz Souza

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Édipo Rei – o prenúncio de uma metáfora


          Helenistas e estudiosos do grego clássico fazem muitos comentários e interpretações sobre as tragédias de Sófocles, além destes há muitos trabalhos psicanalíticos que abordam diretamente o mito de Édipo. Todavia, a despeito de que são muito conhecidas as tragédias de Sófocles em torno de Édipo, neste artigo, comentarei o episódio do drama familiar que se estende por três gerações: Édipo Rei, Édipo em Colona e Antígona. Logo, abordarei apenas a historia de Édipo Rei.
          A historia começa quando Laio e Jocasta – Rei e Rainha de Tebas – é advertido por um oráculo que o bebê Édipo, filho deles, está predestinado a matar o próprio pai. Édipo é aleijado, transpassam-lhe os pés com uma lança e é estupidamente abandonado, mandado para longe, a fim de ser morto, dando início assim ao começo do trauma psíquico e físico de uma criança por aqueles que ao contrário deveriam protegê-la.
          Poupado da morte prematura, Édipo foi então adotado Por Pôlibo e Mérope, Rei e Rainha de Corinto, sendo criado como filho legítimo, ele cresce tendo esses como os seus verdadeiros pais. Um determinado dia alguém lhe contou não serem eles os seus pais legítimos. Édipo fica consternado e resolve pedir conselhos ao oráculo de Delfos, este lhe diz que ele matará seu próprio pai e se casará com sua mãe. Impressionado, Édipo para poupá-los, driblando a profecia, foge para longe deles abandonando assim Corinto, dirigindo-se para Tebas.
          Até que um dia numa encruzilhada encontrou um velho acompanhado de cinco servos. Édipo entrou numa luta com ele e num gesto de ira e arrogância, matou o velho Laio, seu pai, e quatro de seus servos.
          Finalmente, Édipo chega a Tebas depois de ter vagado por toda a Grécia. Porém neste período a cidade está sendo devastada pela esfinge, que se abriga num penhasco vizinho e propunha enigmas a todos os que passassem por ali, matando qualquer um que não lhe desse a resposta exata. Édipo se dispõe a aceitar o desafio da esfinge e responde corretamente seu enigma. A esfinge atira-se num despenhadeiro e como recompensa por ter libertado Tebas da esfinge, Édipo é premiado com a mão da Rainha Jocasta, que estava viúva. Ele é feito Rei e casa-se com ela.
          Após alguns anos, a cidade é assolada pela praga, como castigo pelo assassinato não vingado de Laio. Édipo vê-se pressionado pelos cidadãos de Tebas, que pedem providência. Ele consulta o oráculo de Delfos e este lhe diz que a praga cessará quando for descoberto e punido o homem que matou Laio. Efetivamente, Édipo se dispõe a procurar o assassino de Laio, conduzindo com esse fim, uma investigação obsessiva de seu próprio e desconhecido passado. Finalmente, Édipo descobre que o homem que matou na encruzilhada era Laio. Por fim, ele acaba por cumprir inadvertidamente a profecia do oráculo de Delfos, tinha assassinado o verdadeiro pai e casado com a própria mãe, com a qual tivera quatro filhos: Eteócles, Polinices, Antígona e Ismene, que eram também seus irmãos. Em decorrência desta cilada de incesto, parricídio e tentativa de assassinato de uma criança, Jocasta se enforca e Édipo, tomado pela culpa, fura os próprios olhos.
          A representação tradicional destas tragédias é o conflito do homem em oposição ao destino desvairado que o apremia com situações horríveis, as quais ele afronta, podendo destruir-se neste embate ou dele sair com novo vigor. Através do sofrimento, Édipo adquire uma dimensão heróica, um homem inocente em luta com um destino implacável e impiedoso.
          Como sabemos, Freud usou o Édipo para expor em detalhes uma estrutura fundamental na formação do psiquismo humano, na organização do sujeito, dando uma nova abrangência a esta tragédia. Criando então o termo Complexo de Édipo, um termo valioso por sua riqueza referencial, pois no ponto de vista freudiano, o Complexo de Édipo é com certeza a definição de que o amor incestuoso pela mãe e o impulso de assassinar o pai é parte da estrutura mental do homem.
          Freud empregou o termo Complexo de Édipo para expor em detalhes a quantidade de lembranças, estímulos e emoções totalmente inconscientes, que giram em torno das revelações que são formadas entre criança e pais.
          Segundo Freud, o mais alto grau do Complexo de Édipo é vivido entre os três e os cincos anos, no decurso da fase fálica. O seu enfraquecimento marca a entrada no período de latência e é revigorado na puberdade sendo superado com maior ou menor êxito num tipo especial de escolha do objeto. O Complexo de Édipo cumpri o papel necessário na estruturação da personalidade e na orientação do sujeito humano, enfim, ele é o eixo fundamental de referência da psicopatologia.
Oliveira, Jorge Luiz Souza 

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A mente e o corpo

         
          A Psique está ligada ao soma, isto é ao corpo. A mente e o corpo formam uma unidade, constituindo partes integrantes do ser humano, podendo a psique ser a origem principal de certas disfunções, assim como estas podem motivar perturbações psíquicas, portanto não existe isoladamente corpo ou mente, pois esta é uma função do cérebro que é por sua vez uma parte do soma.
          Hipócrates já postulava, há 5000 anos a.C, que para que as curas obtivessem sucesso, necessário seria que os médicos tivessem “um conhecimento da totalidade das coisas”. Sócrates retornou da sua temporada no Exército advertindo aos seus compatriotas gregos que, em certo sentido, os bárbaros estavam na dianteira: ele sabia que o corpo não podia ser curado sem levar em conta a mente.
          Martinho Lutero, no início do séc. XVI, declarava: “Pensamentos soturnos (sombrios) acarretam males físicos; quando a alma está oprimida, o mesmo acontece com o corpo”. Ele tinha uma preocupação doentia com sua saúde. Por toda a sua idade adulta sofreu de constipação.
          Já dizia Platão: “a cura de inúmeras doenças é desconhecida dos médicos pois eles ignoram o conjunto, e isto porque uma parte jamais poderá estar bem, a menos que o todo esteja bem.”
          A fim de aliviar a tensão que lhe é imposta pelos conflitos reprimidos, o inconsciente pode expressar-se por meio da linguagem fisiológica. (funções orgânicas); Trata-se de não só um simbolismo como também de um esforço no sentido de solucionar um problema ou satisfazer uma necessidade. Infelizmente, não sendo este um processo racional, o problema da pessoa permanece insolúvel e a sua necessidade não é satisfeita – as alterações físicas a tornam doente (Howard R-Martha E. Lewis). A simbologia correlacionada aos sintomas é sujeita a uma grande variação. Uma de suas formas é o que se chama de “parte para um todo” em que cada órgão individual é capaz de simbolizar todo o conflito. O estômago, por exemplo, pode ser um sítio dos problemas num paciente com desejos de independência frustrados, devido a sua associação aos processos de alimentação e carinhos maternos. Ao mesmo tempo, o sintoma pode constituir expressão concreta de uma idéia inaceitável.
          Um homem poderá vomitar porque sua mulher lhe causa asco; Uma jovem pode imaginar inconscientemente que os bebês se desenvolvem no estômago, o que levará a sofrer de dores aí durante a gravidez.
          O simbolismo é portanto, considerado o principal responsável pela escolha de sintomas. Em nosso inconsciente são alteradas todas as regras da lógica, intelecto e razão da mente consciente. Uma pessoa, coisa ou situação podem ter sido representadas por um símbolo, por alguém ou algo similar, ou mesmo por algo que lhe seja imposto. Esta é a linguagem do inconsciente.
          Uma pessoa assustada, o seu coração bate mais depressa, os vasos sanguíneos de sua pele se contraem, os músculos se contraem e assim por diante. E, no entanto, uma doença psicossomática caracteriza-se , sobretudo, pela exacerbação de uma ou duas de tais reações, havendo um relativo desprezo das demais. Acredita-se que ocorra uma exacerbação de uma ou mais partes de uma reação total, com a relativa exclusão das demais, devido a razões simbólicas e também fruto do acaso. Na verdade concluímos que a Psicanálise deve agir de forma Investigativa, só assim poderemos chegar a conclusões precisas sobre se é ou não uma doença psicossomática..
           Observação importante: Hipocondria – só existem sintomas; Psicossomática - existem os males orgânicos (no soma), influenciados diretamente pela mente.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Gravidez Psicológica

Gravidez psicológica é o que chamamos de barriga de mentira.

O que é? e por que isso acontece?
          Em linhas gerais, a gravidez psicológica é uma fantasia delirante. A mulher acredita que está grávida e a ‘prova de realidade' (a confirmação médica de que não existe bebê algum) não tem nenhum valor para ela. Enfatizo que esta gravidez não é uma mentira para a mulher, ou seja, ela pensa de verdade que está esperando um bebê e o seu corpo confirma.
          São muitos os motivos - Dificilmente a gravidez psicológica acontece por uma única razão. Cada pessoa reage aos problemas de uma maneira particular e qualquer transtorno psicológico tem diversas causas.

Exemplos:
• Baixa auto-estima,
• Sentimentos de rivalidade intensa,
• Insegurança,
• Ciúme em excesso,
• Baixa capacidade de lidar com as frustrações, além de um forte desejo de ter um filho são algumas delas.
• Pressão pelo marido e pela família a ter um filho – Isto pode acabar gerando um bebê de mentira.
• Também há situações em que a mulher quer garantir a estabilidade do relacionamento e pensa que um filho é a solução, como no caso da Simone.

Qual é a resposta do corpo?
          Por mais incrível que pareça, a mulher que vive uma gravidez imaginária pode sentir na pele o mesmo que sentem as futuras mães de verdade – Nossa mente é muito forte! A gravidez psicológica tem origem mental, mas o corpo responde.

Quais os sinais?
          Muitas sentem enjôo, têm desejos, apresentam crescimento do abdômen e dos seios, e, em alguns casos raros, é possível até produzirem leite – Isto é comprovado pelos ginecologistas e obstetras. O aumento da barriga, neste caso, fica por conta da comilança - Como elas acham que estão grávidas, pensam que deve comer por dois. O que acontece é o acúmulo de gordura no abdômen e nos seios. Além disso, muitas confundem os gases e movimentos naturais do intestino com o bebê se mexendo no útero.

Quem são as mulheres mais propensas a desenvolver uma gravidez psicológica?
          Apesar de o problema também surgir em mulheres jovens, é mais comum que isso aconteça com pessoas mais velhas, próximas à menopausa, inférteis e com distúrbios hormonais que interferem na menstruação.

Até quando vai a farsa?
           É possível a mulher acreditar na mentira de que vai ser mãe até chegar a hora do parto.

Como se sentem as mulheres que, de repente, descobrem que o bebê que tanto esperavam não existe?
          São variáveis as reações. Algumas mulheres até sentem alívio quando descobrem que não estão grávidas, mas em geral a reação é de susto e de decepção.

Qual o tratamento?
          • Carinho e terapia
          • É a psicoterapia o tratamento possível para curar a “falsa gravidez”.
          • Em geral, essas mulheres não procuram ajuda psicológica, pois se procurarem o terapeuta estarão admitindo que não tem o bebê. Por isso, é essencial o apoio da família, antes e após a aceitação do fato. E, tão importante quanto aceitar a realidade de que não está grávida, é ter certeza de que ela não precisa de um filho para se sentir amada.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Mitomania "compulsão pela mentira"

         
          A mitomania é a tendência patológica mais ou menos voluntária e consciente para a mentira. Normalmente, as mentiras dos mitomaníacos estão relacionadas a assuntos específicos, porém podem ser ampliadas e atingir outros assuntos em casos considerados mais graves . Uma menina cujo pai é violento, por exemplo, pode começar a inventar para as colegas como sua relação com o pai é boa e divertida, contando sobre passeios e conversas que nunca existiram. Justamente pelos mitômanos não possuírem consciência plena de suas palavras, os mesmos acabam por iludir os outros em histórias de fins únicos e práticos, com o intuito de suprirem aquilo de que falta em suas vidas. É considerada uma doença grave, necessitando o portador dela de grande atenção por parte dos amigos e familiares.

Sobre a doença
          Dizer a verdade é um sofrimento para quem tem mitomania, doença definida como uma forma de desequilíbrio psíquico caracterizado essencialmente por declarações mentirosas, vistas pelos que sofrem do mal como realidade.
          Desse ponto de vista, podemos dizer que o discurso do mitômano é muito diferente daquele do mentiroso ou do fraudador, que tem finalidades práticas. Para estes, o objetivo não é a mentira, sendo esta apenas um meio para outros fins. Contam histórias ao mesmo tempo que acreditam nelas. É também uma forma de consolo.
          Esse distúrbio tem sua origem na supervalorização de suas crenças em função da angústia subjacente. Muitas vezes as mesmas se apresentam unidas à angústia profunda, TOC, depressão e pós depressão.
          De um lado, o mitômano sempre sabe no fundo que o que ele diz não é totalmente verdadeiro. Mas ele também sabe que isso deve ser verdadeiro para que lhe garanta um equilíbrio interior suficiente. Em determinado momento, o sujeito prefere acreditar em sua realidade mais que na realidade objectiva exterior. Ele tem necessidade de contar essa história para se sentir tranquilizado e de acordo consigo mesmo.
          A mitomania não pode ser considerada como uma mentira compulsiva, e sim como uma doença que se não tratada pode causar transtornos sérios à pessoa que possui. Em geral, essa manifestação deve-se à profunda necessidade de apreço ou atenção.
         A maioria dos casos de mitomanía, ao serem expostos, tornam-se vergonhosos. Todavia, os mitômanos que buscam ajuda por vontade própria, pedindo a seus familiares e principalmente aos seus amigos, são considerados extremamente raros, pois eles veem que estão sofrendo de um mal e desejam acima de tudo curar-se. O papel dos companheiros se torna extremamente importante na vida do indivíduo que sofre da doença, já que eles que irão indicar os pontos e erros.
          Grande parte dos casos de mitomania levam ao suicídio, principalmente se associados a depressão e pós depressão. O indivíduo ao não obter o apoio necessário e ser excluído daquele grupo que frequentava ou participava acaba por vivenciar uma situação sem saída, isto é, o mesmo acaba por ser excluído de seus gostos e vê-se sem aquilo que ama e deseja. Casos comuns demonstram que mitomaníacos envergonhados de si, pelo porte de sua doença, infligem-se o óbito quando abandonados por amante, que não compreendem a sua doença e o abandonam, não acreditando na possibilidade de uma cura ou não restabelecendo os laços afectivos de antes.
         Aconselha-se aqueles que rodeiam o mitômano, principalmente se o mesmo obteve uma conversa clara expondo a sua vontade de melhora, a não largarem-no, podendo tal atitude acarretar desejos inconstantes, profunda melancolia, depressão e desejo de suicídio da parte do mitomaníaco. Inicialmente o mesmo apresentará sintomas de solidão e grande desejo de estar acompanhado daqueles que ama. Contudo, ao ver que isso não é possível, acaba optando pelo desejo de morte.
Motivação
          Não se sabe ao certo os motivos pelos quais a mitomania se manifesta. Primeiro, porque acarreta milhares de fatores sócio-psicológicos da pessoa afetada e, segundo, porque enfatiza uma situação social, podendo, então, mostrar-se eventual dependendo das circuntâncias presentes na época em que o indivíduo está vivendo. Na maioria das vezes é por desejo de aceitação daqueles que o rodeiam.
Cura
          A cura do indivíduo reside muitas vezes na implementação de um quadro de cuidados que associa o tratamento em meio psiquiátrico do problema subjacente a um acompanhamento psicoterapêutico. Tal acompanhamento torna-se a parte mais importante, sendo realizado pelas pessoas que rodeiam o mitômano e que o mesmo requisitou para ajudá-lo. É importante nunca negar ao mesmo tal acompanhamento, sendo este a chave para a cura, até mais importante que um tratamento psiquiátrico.

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