Helenistas e estudiosos do grego clássico fazem muitos comentários e interpretações sobre as tragédias de Sófocles, além destes há muitos trabalhos psicanalíticos que abordam diretamente o mito de Édipo. Todavia, a despeito de que são muito conhecidas as tragédias de Sófocles em torno de Édipo, neste artigo, comentarei o episódio do drama familiar que se estende por três gerações: Édipo Rei, Édipo em Colona e Antígona. Logo, abordarei apenas a historia de Édipo Rei.
A historia começa quando Laio e Jocasta – Rei e Rainha de Tebas – é advertido por um oráculo que o bebê Édipo, filho deles, está predestinado a matar o próprio pai. Édipo é aleijado, transpassam-lhe os pés com uma lança e é estupidamente abandonado, mandado para longe, a fim de ser morto, dando início assim ao começo do trauma psíquico e físico de uma criança por aqueles que ao contrário deveriam protegê-la.
Poupado da morte prematura, Édipo foi então adotado Por Pôlibo e Mérope, Rei e Rainha de Corinto, sendo criado como filho legítimo, ele cresce tendo esses como os seus verdadeiros pais. Um determinado dia alguém lhe contou não serem eles os seus pais legítimos. Édipo fica consternado e resolve pedir conselhos ao oráculo de Delfos, este lhe diz que ele matará seu próprio pai e se casará com sua mãe. Impressionado, Édipo para poupá-los, driblando a profecia, foge para longe deles abandonando assim Corinto, dirigindo-se para Tebas.
Até que um dia numa encruzilhada encontrou um velho acompanhado de cinco servos. Édipo entrou numa luta com ele e num gesto de ira e arrogância, matou o velho Laio, seu pai, e quatro de seus servos.
Finalmente, Édipo chega a Tebas depois de ter vagado por toda a Grécia. Porém neste período a cidade está sendo devastada pela esfinge, que se abriga num penhasco vizinho e propunha enigmas a todos os que passassem por ali, matando qualquer um que não lhe desse a resposta exata. Édipo se dispõe a aceitar o desafio da esfinge e responde corretamente seu enigma. A esfinge atira-se num despenhadeiro e como recompensa por ter libertado Tebas da esfinge, Édipo é premiado com a mão da Rainha Jocasta, que estava viúva. Ele é feito Rei e casa-se com ela.
Após alguns anos, a cidade é assolada pela praga, como castigo pelo assassinato não vingado de Laio. Édipo vê-se pressionado pelos cidadãos de Tebas, que pedem providência. Ele consulta o oráculo de Delfos e este lhe diz que a praga cessará quando for descoberto e punido o homem que matou Laio. Efetivamente, Édipo se dispõe a procurar o assassino de Laio, conduzindo com esse fim, uma investigação obsessiva de seu próprio e desconhecido passado. Finalmente, Édipo descobre que o homem que matou na encruzilhada era Laio. Por fim, ele acaba por cumprir inadvertidamente a profecia do oráculo de Delfos, tinha assassinado o verdadeiro pai e casado com a própria mãe, com a qual tivera quatro filhos: Eteócles, Polinices, Antígona e Ismene, que eram também seus irmãos. Em decorrência desta cilada de incesto, parricídio e tentativa de assassinato de uma criança, Jocasta se enforca e Édipo, tomado pela culpa, fura os próprios olhos.
A representação tradicional destas tragédias é o conflito do homem em oposição ao destino desvairado que o apremia com situações horríveis, as quais ele afronta, podendo destruir-se neste embate ou dele sair com novo vigor. Através do sofrimento, Édipo adquire uma dimensão heróica, um homem inocente em luta com um destino implacável e impiedoso.
Como sabemos, Freud usou o Édipo para expor em detalhes uma estrutura fundamental na formação do psiquismo humano, na organização do sujeito, dando uma nova abrangência a esta tragédia. Criando então o termo Complexo de Édipo, um termo valioso por sua riqueza referencial, pois no ponto de vista freudiano, o Complexo de Édipo é com certeza a definição de que o amor incestuoso pela mãe e o impulso de assassinar o pai é parte da estrutura mental do homem.
Freud empregou o termo Complexo de Édipo para expor em detalhes a quantidade de lembranças, estímulos e emoções totalmente inconscientes, que giram em torno das revelações que são formadas entre criança e pais.
Segundo Freud, o mais alto grau do Complexo de Édipo é vivido entre os três e os cincos anos, no decurso da fase fálica. O seu enfraquecimento marca a entrada no período de latência e é revigorado na puberdade sendo superado com maior ou menor êxito num tipo especial de escolha do objeto. O Complexo de Édipo cumpri o papel necessário na estruturação da personalidade e na orientação do sujeito humano, enfim, ele é o eixo fundamental de referência da psicopatologia.
Oliveira, Jorge Luiz Souza
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