1856 – Freud nasce, no dia 6 de maio, em Freiberg, na Morávia, então parte do Império Austro-Húngaro (hoje a República Checa).
1873- Ingressa no curso de Medicina, na Universidade de Viena, de onde sairia formado em 1881
1886- Em abril deste ano, abre seu primeiro consultório
1895- Publica, em parceria com Josef Breuer, “Estudos Sobre a Histeria”. Neste mesmo ano Freud começa a analisar seus próprios sonhos.
1896- Usa o termo Psicanálise pela primeira vez
1899- Publica o livro “A Interpretação dos Sonhos”.
1902- É nomeado professor da Universidade de Viena; funda a Sociedade Psicológica das Quartas-feiras
1905- Publica vários importantes trabalhos. Entre eles:
· “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”,
· “Os Chistes e Suas Relações com o Inconsciente”
· “Fragmentos da Análise de um Caso de Histeria”
· “Os Chistes e Suas Relações com o Inconsciente”
· “Fragmentos da Análise de um Caso de Histeria”
1910- Funda a International Psycho-Analytical Association, da qual Jung é o primeiro presidente.
1938- Quando a Áustria é anexada à Alemanha, a casa de Freud e a Associação Vienense de Psicanálise são vasculhadas; Anna Freud, filha caçula de Sigmund e Martha Freud, é presa e interrogada pela Gestapo. Em junho, emigra para a Inglaterra
1939- Morre, no dia 23 de setembro, em Londres, em decorrência de um câncer.
Sigmund Freud
O menino Sigismundo, nascido em 1856 em Freiberg - cidade da Morávia, região que na época era uma parte católica do Império Austro-Húngaro -, aos 22 anos mudou seu nome para, talvez se mirando na mudança da cidade, que passou a se chamar Pribor, e do país, a Checoslováquia. Este primeiro (de 8) filho de uma mulher de 21 anos, e de um homem de 41 que trazia 2 filhos de uma ligação anterior, casou-se aos 26 anos, teve seu primeiro filho aos 31 e seu sexto aos 39.
Aos 4 anos, seu pai, comerciante judeu de lãs, arruinado por uma crise econômica, mudou-se para a cosmopolita Viena, cidade que nunca entusiasmou e que não via com bons olhos estes 10% de seus 2 milhões de habitantes que eram judeus, mas onde viveu até os 82 anos de idade, quando foi obrigado a sair pela ameaça do nazismo, que desde 1933 queimava sua obras.
Aos 17, o adolescente pretensioso e visionário escreveu a um amigo: "como amigo desinteressado, eu o aconselho a conservar estas cartas.... nunca se sabe...". Já se mostrava ansioso por ser pessoa importante, este rapazinho que conseguira que a mãe tirasse de casa o piano da irmã que atrapalhava seus estudos.
Seus heróis de então eram Anibal, inimigo de Roma, Napoleão, filho da Revolução Francesa, e Cromwell, estadista inglês (um de seus filhos chamou-se Oliver). Era um revolucionário com imperioso desejo de independência, e que, portanto, não podia deixar de sentir uma ponta de desprezo pelo pai que, por volta de seus 10 anos, se deixaria desalojar grosseiramente da calçada em que vinha, por um anti-semita.
A figura do pai atravessava sua existência, seja pelos insucessos seja pelas fortes marcas. Os sonhos de Freud trouxeram à tona a lembrança de quando o menino Freud urinou na cama aos 2 anos e seu pai afirmou que "...este menino nunca vai chegar a ser gente...". Foi Freud quem disse que a morte de um pai é o acontecimento mais importante na vida de um homem; que não conseguia imaginar uma necessidade mais forte na infância que a proteção de um pai e que a essência do sucesso e que a essência do sucesso é ir mais longe que o próprio pai.
A história da vida de Freud e a história da psicanálise se entrelaçam intimamente, a ponto de se poder dizer que ela chegou a ser todo o conteúdo de sua existência, no sentido de uma permanente atitude investigatória dirigida para os misteriosos eventos da mente humana. Ele sempre afirmou a necessidade de se livrar da "inocente fé na autoridade" para poder percorrer caminhos novos; os trajetos dos outros lhe pareciam importantes...como referências para o seu próprio.
A associação, em 1892, com o professor Breuer, em torno do estudo do caso de sua cliente histérica Anna O (pseudônimo de Bertha Pappenheim), foi crucial para o desenvolvimento do método catártico, em termos de uma pré-história da futura psicanálise. Ela, que cunhou seu processo terapêutico com Breuer como uma "limpeza de chaminé" (chimney sweeping) através de uma "cura pela palavra" (talking cure), propiciou um início de interese de Freud pela psique humana que jamais se interrompeu. Este método de Breuer, baseado na hipnose, logo foi abandonado por Freud, que seguiu caminho próprio, explicando a formação da estrutura patológica por um processo que chamou de recalcamento, e que em seguida percebeu poder se referir também à normalidade de sonhos, lendas, contos de fada, atos falhos e ao acaso, ditos espirituosos, ou seja, a quaisquer eventos psíquicos. Foi ele o primeiro a ter uma visão galileana para as atividades psíquicas, considerando serem as mesmas leis a explicarem tanto a patologia como a normalidades mentais, ao invés de estabelecer classes com essências diferentes - aristotelicamente - para uma e para outra.
Observando fenômenos tais como a resistência e a transferência, Freud desenvolveu uma forma de trabalho que se distinguiu profundamente da Medicina. Enquanto esta permaneceu tendo como método básico o da anamnese, em que o médico é que inicialmente direciona a investigação, a psicanálise surgiu tendo como método próprio o da livre associação, em que o analista escuta, aguardando que o analisando instaure a direção de um relacionamento que, embora conduzido pelo analista, fica marcado por esta instauração. Com isto, as interpretações, as associações, as construções, os cortes, enfim, os instrumentos de que dispõe, propiciam ao analista psicanalisar, na esperança de conseguir ajudar a buscar "uma vida produtiva e prazerosa", como ele dizia.
A livre associação como método, a abstinência como postura e a transferência como campo de ação, é que garantem, segundo Freud, que o trabalho feito com os instrumentos de que dispõe a psicanálise, seja efetivamente psicanalítico. O ponto de partida, entretanto, para que alguém possa realizar este trabalho, é uma análise pessoal, já que, para poder sustentar um processo subjetivo, há que se submeter a uma experiência estruturalmente equivalente.
Freud criou e organizou todo um mundo de idéias no terreno da psicanálise, em que esta aparece como novo processo terapêutico, como método original de investigação da mente humana, como conjunto teórico singular explicativo do seu funcionamento e mesmo como movimento agregador para a defesa e difusão destas idéias. Os que o sucederam, criaram e desenvolveram ainda mais suas concepções, uns de forma tímida e pouco conhecida, outros com a fama a premiar sua inventividade. Mas, de forma inédita para qualquer ramo de investigação que se proponha ser científico, somente na psicanálise todos os que vieram após seu fundador, a ele sempre se referenciam e nele se apoiam para realizar seus desenvolvimentos, tanto clínicos quanto teóricos.
Extraordinário criador de idéias, investigador incansável, sempre tolerante com as fragilidades do ser humano em quem reconhecia um permanente desamparo fundamental, brilhante defensor da prioridade das emoções para explicar o comportamento humano, jamais se deixava desviar do caminho da busca de verdades; não as verdades estabelecidas, fixas e definitivas, mas aquelas que levavam a um eterno buscar, a uma investigação permanente e desafiadora, a um infinito vir a ser. Somente sua morte - por câncer no maxilar, aos 83 anos - interrompeu esta fulgurante e trabalhosa trajetória. Somente a morte fez cessar aquilo que se tornou a marca desta trajetória, inclusive em referência ao objetivo nuclear do trabalho clínico psicanalítico: o movimento psíquico.
Ary Band
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