É difícil imaginar que haja, no ensino primário das escolas, crianças depressivas. É ainda mais difícil imaginar uma criança em idade pré-escolar e depressiva ao mesmo tempo. Mesmo sendo cada vez mais fácil de reconhecer e tratar esse transtorno em crianças, apenas recentemente os pesquisadores iniciaram estudos sobre esse mal em crianças com idades inferiores a 6 anos.
Em uma pesquisa publicada no periódico Current Directions in Psychological Science, Joan Luby, da Universidade de Washington, EUA, apontou a importância da detecção precoce em crianças.
A pesquisadora aponta que a depressão em crianças com idade pré-escolar não tem as mesmas características encontradas em crianças mais velhas ou mesmo em adultos – talvez por isso esse transtorno seja negligenciado. Em adultos, por exemplo, a anedonia – perda da capacidade de sentir prazer – se reflete principalmente por meio da diminuição ou perda da libido. Nos pré-escolares, entretanto, isso se traduz na incapacidade de gostar de brincar.
Fora isso, os pais dessas crianças também não conseguem enxergar o avanço do transtorno, pois os sintomas não são contínuos. Essas crianças não se mostram extremamente tristes (como acontece com os adultos) e pode até mesmo ter períodos em que os sintomas não se manifestem.
Reconhecimento do transtorno
O reconhecimento desse tipo de depressão é feito por testes específicos aplicados por profissionais de saúde mental. E a partir dessas entrevistas é possível observar os sintomas clássicos de depressão, como falta de vontade de fazer as tarefas diárias, sensação de culpa e mudanças no padrão de sono.
A pesquisa também sugere que a depressão infantil precoce não é uma condição temporária, mas sim a manifestação inicial de um transtorno crônico que pode piorar com o tempo. Estudos anteriores já demonstraram que os pré-escolares depressivos também mostram os traços depressivos mais intensos durante a infância e na adolescência.
Por conta desse efeito em longo prazo, a identificação e a intervenção da depressão infantil precoce é importante. O fato dessas crianças ainda terem uma grande plasticidade cerebral – a potencialidade do cérebro de se adaptar a novas experiências e eventos, é um fator positivo. Intervenções nessa idade costumam ter grande eficiência. E apesar de poucas pesquisas sobre o tema, o uso de antidepressivos ainda é bastante questionado. Nessa idade sugere-se o acompanhamento psicoterápico.
com informações da Association for Psychological Science
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