Tornar consciente o inconsciente ou a superação
das resistências foi e continua sendo o caminho e o fim de toda técnica
analítica. Variam as formulações deste princípio, os conteúdos e variam os
métodos de apresentá-los, mas o princípio continua sendo o mesmo.
Freud formula a finalidade da análise, por
exemplo, também como restituição da unidade psíquica, pondo fim ao alheamento
entre o ego e a libido, ou mais adiante, em termos de estrutura: “Onde está o
id, aí deverá estar o ego” (Freud, 1933). Estas formulações dizem, em sua
essência, o mesmo que às anteriores, e este princípio é também a base que todos
os analistas de ontem e de hoje se encontram unidos.
Existem muitas variações e divergências em
relação aos princípios técnicos básicos. À primeira vista, podemos destacar
alguns fatores que o determinam:
- O procedimento técnico depende da extensão dos
avanços psicológicos gerais e especificamente técnicos. Esta extensão varia
segundo a época de psicanálise e as épocas de cada analista.
- Novas descobertas e afirmações são acatadas por
uns e rejeitadas por outros, e diversos fatos são valorizados de forma
diferente, o que conduz a diferentes conceitos de ordem secundária, a
diferentes princípios secundários, que determinam aplicação diferente dos princípios
básicos, comuns a todos, isto é, diferentes técnicas.
- O fator individual ou pessoal. A técnica
depende obviamente, do diferente caráter de compreensão, e das distintas
contratransferências de cada analista. É também claro que cada paciente “cria”
um diferente analista (assim como cada filho “cria” diferentes pais),
sugerindo-lhe maiores e menores variações técnicas.
- O fator genealógico, quer dizer, a influência
de diferentes “arquiavós” e “pais” analíticos sobre a técnica de seus filhos,
netos e bisnetos analíticos.
Devemos fazer referência também, ao que
consideramos o fim do tratamento analítico. Este também passou por diversas
formulações. O conceito de “cura” (que primeiro se referia aos sintomas e
depois aos “complexos”) compartilhou e compartilha seu lugar com outros
conceitos. “Amadurecimento emocional”, “adaptação à realidade”, “superação das
perturbações evolutivas da personalidade” são algumas destas formulações.
Mas, na essência, tanto o analista de ontem, como
o de hoje, dirige sua atenção às causas das perturbações (isto é, aos conflitos
psíquicos), sabe que está no caminho certo e confia, portanto, nas
consequências positivas, sem inclinar-se diretamente para elas.
Considerando-se o desenvolvimento da psicanálise
desde sua origem, pode-se dizer que começou como terapia, em seguida, dirigiu
sua atenção ao homem como totalidade e descobriu por este caminho as
perturbações gerais e especiais da evolução do homem, do ser humano em si,
“doente” e “são”, e o tratamento psicanalítico converteu-se em uma técnica de
evolução ou transformação humana, incluindo esta, como uma de suas
possibilidades principais, a terapêutica.
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