sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Zelando pelo desempenho ético da Psicanálise


          
          O Conselho Brasileiro de Psicanálise, CBP - INNG é uma Instituição Nacional Não Governamental que possui atribuições de fiel repositório informativo, estatístico, colaborativo da auto-regulamentação e normatização da prática psicanalítica e é representado por  Regionais em todo o Território Nacional.
          Criado em 1978, sua competência inicial reduzia-se ao Cadastro Nacional dos Psicanalistas e à divulgação do Código de Ética Psicanalítica.
          Nos últimos 10 anos, o Brasil e a categoria psicanalítica mudaram muito, e hoje, as atribuições e o alcance das ações desta Instituição estão mais amplas, extrapolando à divulgação do Código de Ética Psicanalítica, normatização e a auto-regulamentação da prática profissional.
          Atualmente, o Conselho Brasileiro de Psicanálise, CBP, exerce um papel político muito importante na sociedade, atuando na defesa da saúde mental da população e dos interesses da classe psicanalítica.
          A Instituição traz um histórico de luta em prol dos interesses da saúde mental e do bem estar do povo brasileiro, sempre voltado para a adoção de políticas de saúde mental dignas e competentes, que alcancem a sociedade indiscriminadamente.
         Ao defender os interesses corporativos dos psicanalistas (independentemente de qualquer discriminação de: escola, linha, associação, sociedade, círculo, núcleo, laço,sindicato, centro, colégio, instituto, faculdade, cor, raça, religião ou ideologias políticas), assim como, a regulamentação da profissão psicanalítica, o CBP - INNG empenha-se em defender a boa prática da psicanálise, o exercício profissional ético e uma boa formação técnica e humanista, convicto de que a melhor defesa da psicanálise e dos psicanalistas é a UNIÂO DE TODOS OS PSICANALISTAS DO BRASIL em prol da garantia de serviços psicanalíticos de qualidade para a População Brasileira.
Além de zelar pelo desempenho ético da psicanálise e pelo bom conceito da profissão, o CBP organiza uma série de atividades e presta alguns serviços aos psicanalistas e à sociedade brasileira, entre os quais: 
Cadastro Nacional dos Psicanalistas
          O Cadastro Nacional dos Psicanalistas é a inserção gratuita, do nome do psicanalista, no índice referente ao Estado Brasileiro em que atua, ficando assim mais fácil, a procura dos clientes pelos profissionais. 
Agenda
           O site do CBP - INNG esta aberto, para a publicação dos principais encontros científicos psicanalíticos (de todas as escolas e linhas da psicanálise).
 Assessoria Jurídica
           A Assessoria Jurídica do CBP - INNG tenta zelar pelo bom exercício da prática psicanalítica em todo o território nacional. 
Biblioteca
           A Biblioteca do CBP - INNG possui um acervo especializado na área de Ética Psicanalítica, Bioética, Direito Psicanalítico e Clínica Psicanalítica.  
Educação Psicanalítica Continuada
           O CBP - INNG coloca à disposição dos psicanalistas e instituições de ensino, as fitas de vídeo com os programas das séries Bioética, Psicanálise Brasileira e Práticas Psicanalíticas.  
Auto-Regulamentação e a Normatização da Profissão
           Toda a legislação referente à área psicanalítica está disponível para consulta no nosso site. Pareceres, resoluções, leis e decretos, além do Código de Ética Psicanalítica.
CADASTRO NACIONAL DOS PSICANALISTAS
          O Cadastro Nacional dos Psicanalistas (CNP) é mantido pelo Conselho Brasileiro de Psicanálise (INNG), que exerce a função de fiel repositório do cadastro de todos os psicanalistas do Brasil.
IMPORTANTE: O Cadastro Nacional dos Psicanalistas é um órgão do Conselho Brasileiro de Psicanálise (INNG) que é uma instituição sem finalidades lucrativas e de utilidade Pública, não cobra absolutamente nada dos seus serviços ou envia boletos de cobrança aos psicanalistas cadastrados.
          Os valores do CBP - (INNG), é primar pelos princípios da ética, transparência, integridade, qualidade, compromisso com resultados e multiplicação e disseminação de conhecimento psicanalítico, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência da Psicanálise e dos Psicanalistas e não fará qualquer discriminação de raça, cor, gênero, religião, escola, linha, sociedade, associação, sindicatos e institutos.
          O intuito do CBP - (INNG) ao criar o Cadastro Nacional dos Psicanalistas surge capacitado através de equipe técnica e parcerias qualificadas para não somente projetar, mas realizar programas de interesses emergentes obtendo o foco coletivo.
          Através do Cadastro Nacional do Psicanalista você tem um perfil profissional único, onde os seus dados ficam centralizados e disponíveis para serem consultados por seus pacientes ou outros profissionais, gerando com isso uma rede social de Psicanalistas e uma rede de contatos com profissionais de sua área.
          Através do Cadastro Nacional do Psicanalista, o profissional cadastrado terá seu nome e numero de cadastro, divulgados das mais variadas formas possíveis que a internet possibilita e em todos os veículos de comunicações nacionais e internacionais.
          O CBP - (INNG) no intuito de colaborar com o Governo Federal criou uma base de dados integrada:
 “O Governo Federal determinou a criação do CNT - Cadastro Nacional do Trabalhador, através do decreto 97.936 de 1989, na forma de consórcio entre Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), Ministério do Trabalho (MTb) e Caixa Econômica Federal (CEF). Posteriormente assumiu, conforme lei 8.212 de 1991, a denominação de CNIS”.
“Incluem-se neste universo os trabalhadores empregados ou contribuintes individuais, tais como empresários, funcionários públicos, ou quaisquer pessoas detentoras de NIT, PIS ou PASEP e que tenham informado a partir de 1971 (para empregados) ou 1973 (para contribuintes individuais) seus dados sociais, ou previdenciários ao governo federal.”
          Entre os benefícios que o Cadastro Nacional do Psicanalista poderá trazer estão: o acesso à lista de psicanalista de acordo com a área de atuação de cada um; a autonomia na utilização permanente de dados cadastrais via internet; a agilidade e facilidade na troca de informações entre as Regionais e o CBP - (INNG), propiciando otimização do tempo para gerar relatórios com informações necessárias para os psicanalistas e a psicanálise.
          O projeto do CBP - (INNG) é pioneiro e ousado permite a integração das bases de dados de todas as Regionais em uma única ferramenta on-line baseado no conceito de Sistemas para Web, e traz consigo uma série de benefícios para os usuários, entidades, profissionais e público em geral, como por exemplo, estatísticas resultantes do cruzamento de diversos dados, além de disponibilizar informações atualizadas em tempo real de fácil acesso por meio da rede mundial de computadores.


sábado, 6 de novembro de 2010

O Processo e a Escuta Psicanalíticos


          O processo psicanalítico se dá pela posição em que o psicanalista se coloca, da escuta de uma subjetividade, no limbo onde as palavras, os suspiros e os ritmos fazem uma dança diferente do que o conteúdo de seus enunciados poderia nos fazer pressupor. É porque a palavra é destituída de seu valor comunicacional usual que o processo analítico se instala. Pela atenção flutuante do analista, que pode tê-la por seu próprio inconsciente analisado e da associação livre do paciente, constitui-se este limbo de uma outra cena, onde o desconhecido irrompe inesperadamente, revelando os contornos de um fantasma inconsciente que obstaculizava o livre curso do desejo, propiciando, em geral, um alívio muito grande no sofrimento que sente quem procura uma análise. Para a Psicanálise, é uma fantasmática que estrutura o comportamento da vida de cada ser, as estruturas fantasmáticas procurando se exprimir, encontrar uma saída para a consciência e ação e, por isso, seu material não é só feito da sexualidade infantil recalcada e, portanto, inconsciente, mas também de novos materiais que são atraídos a ele. O fantasma é tal qual um espantalho, composto de pedaços de coisas desconexas, cada um de um lugar, resíduos de frases escutadas, restos de imagens, uma espécie de montagem surrealista construída em cima de um pensamento simples e curto que por várias razões teve de ser reprimido. A interpretação psicanalítica visa dissipar o fantasma e nesse sentido o psicanalista é um caçador de fantasmas que, em sua posição, permite àquilo que é de outra cena, marcada pela sexualidade infantil, se manifestar. O processo psicanalítico é longo porque é longo o processo de constituição do recalque e, portanto, igualmente longo o processo de levantamento do recalque e dissipação do efeito doloroso do fantasma. A escuta psicanalítica percorre um árduo caminho para pulverizar o fantasma no vazio entre os corpos em que ele se instalou, restituindo-o a seus corpos de origem, para que, do vazio, possa renascer o desejo, prevalecer as forças de vida. É porque o homem ocidental teme o vazio, que o fantasma pode se instalar, dando uma impressão de continuidade ilusória entre os corpos, anulando imaginariamente os intervalos entre eles. Se o sentido s e desdobra numa multiplicidade e infinidade, a palavra, um dos instrumentos para atingi-lo, deve trazer nela a intenção simultânea e paradoxal de instalar o sentido e o não sentido, não mais pensado como vazio, mas sim, como um fluxo vivo que possibilita novas criações.
         O inusitado da experiência psicanalítica faz com que se tenha a vivência da eficácia mágica da lenta cura pelas palavras. Em casos ou momentos mais difíceis, não só a palavra, mas outros recursos expressivos, os gestos, as produções artísticas, os escritos, os estados corporais e os atos.

A parceria da psicanálise com outros saberes

          É inegável que a Psicanálise pode encontrar parceiros em outros saberes e que junto deles há muito o que explorar. É inegável, qualquer que seja o caminho que tomem neste todo indissociável corpo-alma, psique-soma humanos, que o remédio psiquiátrico, as terapêuticas advindas da Neurociência e Neurofisiologia, como também a Filosofia, a Religião, os florais de Bach e a Homeopatia, ajudam o homem em seu sofrimento. Se a novidade psicanalítica colocou em relevo o corpo erógeno, não foi sem esquecer que nas bordas deste está o suporte do corpo em seu funcionamento físico-químico-biológico e a capacidade sublimatória humana. É inegável a atuação de um remédio antipsicótico na melhoria do fluxo ideativo, de um anti-depressivo que, em certos casos, ao atuar nos neurotransmissores, traz possibilidades representacionais inéditas para alguns pacientes que começam, por exemplo, a sonhar, a associar, a cometer lapsos, saindo do imobilismo psíquico depressivo. A questão é colocar, muitas vezes, o remédio como eliminador de sintomas que podem ser incômodos, mas que podem ser benéficos ao trabalho psíquico, quando presentes em certo grau. É a ideologia da eliminação radical do sofrimento que contraria a constituição trágica do humano, na qual a dor é tão constitutiva do viver como o é a alegria. O que a Psicanálise oferece é a possibilidade de viver o sofrimento psíquico com um outro, para poder gradativamente se apropriar dos meios de suportá-lo e transformá-lo.
          Um outro campo de parceria inequívoca é a chamada Psicossomática, que vem despertando enorme interesse, pelos desafios clínicos e teóricos que oferece tanto para o médico quanto para o psicanalista. É aqui que o paralelismo da alma e do corpo da filosofia de Spinoza ganha um novo contorno com a invenção do conceito de pulsão em Psicanálise, representante do soma na alma, e de um espaço psíquico que dá conta de suas manifestações.
          Quando a pulsão não pode aceder ao trabalho simbólico, quando não pode se transformar em angústia, quando o conflito psíquico não pode se constituir, ela estoura no corpo de maneira mortífera. A doença se produz por uma cisão entre a psique e o soma. O tratamento médico deve, então, vir acompanhado por uma difícil tentativa de transformar o sofrimento orgânico em sofrimento mental o que produzirá possibilidades e sintomas menos mortíferos, passíveis de transformação, além de uma maneira de vivenciar o corpo, cuja percepção é profundamente rudimentar ou deformada, de outra maneira.


Renata Udler Cromberg