terça-feira, 13 de julho de 2010

"PSICOSSíNTESE" Auto-ajuda no crescimento pessoal

         
          O que quer a Psicossíntese? Avaliando essa pergunta, podemos dizer que a mesma, busca o ajustamento psíquico e o crescimento pessoal, que nada mais é que uma inclinação natural da raça humana. Na busca de sua harmonização o homem que está dividido em níveis e aspectos de sua organização irá com o auxilio deste método sintetizar essas escalas. É observável que o ser em doses normais e até patológicas, intrapsíquicamente trava conflitos de toda natureza, no intuito de satisfazer-se atendendo seus anseios, buscando a esmo evoluir para níveis mais altos, desperdiçando assim uma valiosa somo de energia que se em sua descarga não achar o caminho adequado, resultará num agravamento das neuroses e suas patologias.
          Estruturalmente a psicossíntese desmembra as instâncias do psiquismo para eliminar aquelas que são dispensáveis para o caminho harmônico ou pelo menos neutralizar inicialmente suas investidas, já que tais se alimentam do fracasso e baixa auto-estima do Ego. É conhecido da Psicanálise o SUPEREGO (SO) – este se desenvolve a partir do Ego, quando primariamente, na busca para se libertar do primeiro objeto (mãe), que para o ser nessa fase, é sua única forma de satisfação (gozo), uma vez rompendo, retornará ao mesmo sujeitando-se a essa mudança. Assim, se observará o superego formado, pois para o bebê a mãe (1º objeto) já não é mais ele, pois no seu entendimento mãe e bebê são a mesma coisa, isso faz com que, ele possa se perceber fora dela e sendo outro. Para a criança, isso é assustador e a partir de então ele fusiona-se com o objeto (mãe).
          Dessa maneira, bem como as outras instâncias o (SO) também tem níveis e ao alcançar a fase adulta o (SO) exerce sua função com mais força, tendo a capacidade de avaliar, observar e julgar a partir dos seus próprios critérios. O método não tem por objetivo a sua reprogramação e sim neutralizar suas investidas contra o Ego.
          Outra instância chamada de (id) parte importante da estrutura psíquica formada pelos representantes mentais e seus impulsos instintuais que também é uma fonte de energia para todo aparelhamento mental. Alem disso, em nossa linguagem agregamos o (NA+O) que são os Núcleos de Apoio + Objeto, que se referem a tudo aquilo que devotamos apego e que, se por ventura do indivíduo for tirado inevitavelmente elaborará muito sofrimento (luto). Uma vez eliminados os (OEx) Objetos Externos deixarão o caminho do Ego aberto para ser livre e gozar de uma consciência capaz de se ajustar e alinhar-se com o (NAE) que é o Núcleo de Apoio do Ego, Núcleo de Auto-Estima e que terá função autônoma e coerente mantendo este último sempre com sua auto-estima elevada.
          O Ego tem como tarefa principal de sua existência a auto-preservação. Entretanto, para que haja um melhor entendimento por parte do leitor, iremos facilitar o conceito sobre o Ego de forma simplificada, pois este é o objetivo da psicossíntese, visto que, é o no Ego que tudo acontece, exemplo: se após uma péssima noite de sono você acorda mal humorado mesmo sem ter tido contato algum com outra pessoa, será possível avaliar que estímulos internos são os responsáveis pela agressão sofrida pelo Ego. Os estímulos esternos são aqueles percebidos do mundo existente fora do Ego podendo ele ajustar-se a estas ou aquelas situações para não ser agredido.
          Contando com o amparo incondicional do (NAE), o Ego se sentirá capaz de diluir as tensões sofridas por ele na busca do prazer e do inevitável encontro com o desprazer. E dessa forma, não prevalecerão mais sobre esse Ego as perversões, os conflitos, a solidão, a desilusão, as perdas e as muitas outras formas de agressão.
          A psicossíntese embora tenha um aspecto complicado é um método de abordagem simples: [E+(SO)+(NA+O)+id] = [E+(SO)+id]. Estas são algumas das fórmulas em que a psicossíntese apresenta os estados mentais do sujeito, sendo [E+NAE] – soma do Ego (Eu) com Núcleo de Auto-Estima – o objetivo final da mesma.
          Nossa metodologia vem sendo muito utilizada no Brasil não só na clínica, pois suas aplicabilidades transcendem vários campos: o cientifico, o não cientifico, o pedagógico, o religioso, o filosófico, o acadêmico, bem como em todas as áreas que têm a seus cuidados a saúde mental. Contudo, ainda é possível fazer um questionamento: Quem pode utilizar-se dos benefícios da psicossíntese na clínica?
          Analisando-se a atual conjuntura da Psicanálise no Brasil, podemos dizer que esse método pode ser utilizado em pacientes que se apresentam com baixíssima auto-estima, por exemplo: o homem de negócios, atormentado e nervoso, a dona de casa preocupada e agitada, a criança exasperada por contínuos acessos de raiva, o homem e a mulher que não conseguem deixar de beber, em suma, pessoas em estados deprimentes, entre outros.
          A abordagem inicial como terapia de apoio no tratamento, elege com meta a promoção do processo de crescimento contínuo, integrando o corpo aos sentimentos, fazendo com que a mente leve o indivíduo harmoniosamente à plenitude de sua vida, acessando com isso em maiores níveis, suas capacidades e talentos e assim sua potencialização. Sendo assim, o processo terapêutico da psicossíntese é na verdade uma forma diferente do indivíduo ser conduzido a ver o outro lado do muro, o muro que o coloca do lado de dentro e o faz medroso, lhe dando a falsa impressão de protegido. E do lado de fora um verdadeiro e autêntico modo de viver, hostil, agressivo e competitivo, contudo verdadeiro e autêntico como todo ser humano por natureza o é, e por formação não se permite assumir.
Oliveira, Jorge Luiz Souza

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Édipo Rei – o prenúncio de uma metáfora


          Helenistas e estudiosos do grego clássico fazem muitos comentários e interpretações sobre as tragédias de Sófocles, além destes há muitos trabalhos psicanalíticos que abordam diretamente o mito de Édipo. Todavia, a despeito de que são muito conhecidas as tragédias de Sófocles em torno de Édipo, neste artigo, comentarei o episódio do drama familiar que se estende por três gerações: Édipo Rei, Édipo em Colona e Antígona. Logo, abordarei apenas a historia de Édipo Rei.
          A historia começa quando Laio e Jocasta – Rei e Rainha de Tebas – é advertido por um oráculo que o bebê Édipo, filho deles, está predestinado a matar o próprio pai. Édipo é aleijado, transpassam-lhe os pés com uma lança e é estupidamente abandonado, mandado para longe, a fim de ser morto, dando início assim ao começo do trauma psíquico e físico de uma criança por aqueles que ao contrário deveriam protegê-la.
          Poupado da morte prematura, Édipo foi então adotado Por Pôlibo e Mérope, Rei e Rainha de Corinto, sendo criado como filho legítimo, ele cresce tendo esses como os seus verdadeiros pais. Um determinado dia alguém lhe contou não serem eles os seus pais legítimos. Édipo fica consternado e resolve pedir conselhos ao oráculo de Delfos, este lhe diz que ele matará seu próprio pai e se casará com sua mãe. Impressionado, Édipo para poupá-los, driblando a profecia, foge para longe deles abandonando assim Corinto, dirigindo-se para Tebas.
          Até que um dia numa encruzilhada encontrou um velho acompanhado de cinco servos. Édipo entrou numa luta com ele e num gesto de ira e arrogância, matou o velho Laio, seu pai, e quatro de seus servos.
          Finalmente, Édipo chega a Tebas depois de ter vagado por toda a Grécia. Porém neste período a cidade está sendo devastada pela esfinge, que se abriga num penhasco vizinho e propunha enigmas a todos os que passassem por ali, matando qualquer um que não lhe desse a resposta exata. Édipo se dispõe a aceitar o desafio da esfinge e responde corretamente seu enigma. A esfinge atira-se num despenhadeiro e como recompensa por ter libertado Tebas da esfinge, Édipo é premiado com a mão da Rainha Jocasta, que estava viúva. Ele é feito Rei e casa-se com ela.
          Após alguns anos, a cidade é assolada pela praga, como castigo pelo assassinato não vingado de Laio. Édipo vê-se pressionado pelos cidadãos de Tebas, que pedem providência. Ele consulta o oráculo de Delfos e este lhe diz que a praga cessará quando for descoberto e punido o homem que matou Laio. Efetivamente, Édipo se dispõe a procurar o assassino de Laio, conduzindo com esse fim, uma investigação obsessiva de seu próprio e desconhecido passado. Finalmente, Édipo descobre que o homem que matou na encruzilhada era Laio. Por fim, ele acaba por cumprir inadvertidamente a profecia do oráculo de Delfos, tinha assassinado o verdadeiro pai e casado com a própria mãe, com a qual tivera quatro filhos: Eteócles, Polinices, Antígona e Ismene, que eram também seus irmãos. Em decorrência desta cilada de incesto, parricídio e tentativa de assassinato de uma criança, Jocasta se enforca e Édipo, tomado pela culpa, fura os próprios olhos.
          A representação tradicional destas tragédias é o conflito do homem em oposição ao destino desvairado que o apremia com situações horríveis, as quais ele afronta, podendo destruir-se neste embate ou dele sair com novo vigor. Através do sofrimento, Édipo adquire uma dimensão heróica, um homem inocente em luta com um destino implacável e impiedoso.
          Como sabemos, Freud usou o Édipo para expor em detalhes uma estrutura fundamental na formação do psiquismo humano, na organização do sujeito, dando uma nova abrangência a esta tragédia. Criando então o termo Complexo de Édipo, um termo valioso por sua riqueza referencial, pois no ponto de vista freudiano, o Complexo de Édipo é com certeza a definição de que o amor incestuoso pela mãe e o impulso de assassinar o pai é parte da estrutura mental do homem.
          Freud empregou o termo Complexo de Édipo para expor em detalhes a quantidade de lembranças, estímulos e emoções totalmente inconscientes, que giram em torno das revelações que são formadas entre criança e pais.
          Segundo Freud, o mais alto grau do Complexo de Édipo é vivido entre os três e os cincos anos, no decurso da fase fálica. O seu enfraquecimento marca a entrada no período de latência e é revigorado na puberdade sendo superado com maior ou menor êxito num tipo especial de escolha do objeto. O Complexo de Édipo cumpri o papel necessário na estruturação da personalidade e na orientação do sujeito humano, enfim, ele é o eixo fundamental de referência da psicopatologia.
Oliveira, Jorge Luiz Souza